28/02/2010

O que você já fez?

Eu já andei em caminhão de lixo e em caminhão pipa.
Já subi na caçamba do "Disk-Entulho".
Soltei papagaio no terraço do prédio.
Nadei na caixa d´água.
Comi grama da praça.
Tomei água da torneira.
Fiquei presa em depósito de madeira.
Levei uma pedrada no nariz.
Já pulei no lixo pra fugir de um fio elétrico que soltou do poste.
Escrevi 9 livros, hoje engavetados. O predileto eu nunca terminei...
Fiz aulas de teatro.
Aliás, fui um dos sete anões no teatro em inglês.
Só levei dois tombos feios de patins.
Aprendi a andar de bicicleta por uma obrigação social, aos 13 anos.

Tive reumatismo na infância.
Sofria crises de bronquite.
Tive uma nave espacial no terraço.
Já rasguei o queixo duas vezes.
Namorei 10 meses e me casei aos 25.
Me divorciei aos 27.
Descobri o lúpus aos 16.
Me aproximei dos meus irmãos aos 26.
Aos 15 eu era uma debutante.
Eu seria uma jornalista frustrada.
Nadei com golfinhos.
Segurei um peixe-morcego.
Carreguei um tubarão (lixa, mas vai!)
Pulei de tirolesa do farol até a praia.
Persegui uma tartaruga.
Quase afoguei em um coral.
Machuquei nas pedras de Abrolhos.
Tomei caldo em muita onda.
Vi uma arraia jamanta.
Passei por cardumes.
Flutuei por cima de um naufrágio.
Fiz rafting.

Tenho 3 tatuagens.
Sou da Corrente do Bem.
Cresci vendo vídeos de Jacques Cousteau.
Na adolescência, eu lia Hermann Hesse.
Na vida adulta, assumo que vejo Big Brother.
Escrevo no meu diário todo dia, desde os 4 anos.
Vários nomes se repetem em minha vida: Andrés, Brunos, Marcelos, Cristianos.
Os geminianos às vezes são difíceis pra mim.
Costumo me apegar aos taurinos, arianos e leoninos.
Mas normalmente sou salva pelos librianos, capricornianos e os de escorpião.

Vejo meus filmes prediletos várias vezes.
Odeio emprestar meus livros.
Minhas fotos estão organizadas em ordem cronológica.
Todas as fotos possuem legenda.
Tenho mania com artesanato.
Acredito em acupuntura.
Tenho enxaqueca.
Já peguei o ônibus errado.
Já passei do ponto em que eu devia descer...
Já coloquei a "cabeça" do cachorro da Emive na Raja(só os de BH entendem).
Já roubei um cone de trânsito.
Já ganhei uma placa de ônibus.
Fui tradutora de um alemão mal educado.
Morei em um pensionato e em repúblicas.

Já tentei me embebedar sem sucesso.
Já andei descalça na Praça da Liberdade.
Já andei de ônibus sem pagar.
Fiz bons amigos nos lugares em que estive.
Já dancei em cima do balcão da festa, sóbria.
Guardo fisionomias como ninguém.
Tenho aquários desde criança.
Já tive porquinho-da-índia e dois marrecos.
Já levei um cachorro de rua pra casa.
Já perdi muito cabelo.
Já viajei sozinha.
Já tomei injeção na cabeça... Arrgg...

Entrei na faculdade aos 17, me formei aos 21.
Já quis arrebentar uma pessoa e não foi meu ex-marido.
Já fiquei 2 semanas com insônia.
Tenho 3 listas na geladeira: o que preciso, o que quero e o que é urgente.
A lista do que é urgente infelizmente vence...
Desenhei armaduras dos Cavaleiros do Céu para meus amigos de infância.
Tenho ótimos amigos.
Tenho cicatrizes.
Meu dedão do pé esquerdo é torto.
Não ronco, isso é muito bom!
Já estive em alguns dos mesmos lugares que Che Guevara.
Adoro bonés, chapéus e boinas.

Já tive uma iguana no meu ombro.
Fiz amizades com hippies na porta da faculdade.
Ganhava brincos em apostas.
Levei meninos de rua pra tomar café no meu apartamento.
Já alimentei gaivotas.
Já toquei um filhote de leão.
Tinha lagartixas de estimação no quarto.
Odeio espelhos. Só tenho um pequeno, no banheiro.
Não tenho relógios em casa.
Não divulgo meu telefone fixo.
Tenho amigos que só conheço pela internet.
Conto meus podres para os meus amigos por e-mail.
Quando tenho uma idéia, sempre escrevo.
Tinha sonhos recorrentes como se eu fosse Alice no País das Maravilhas.
Guardo até hoje alguns brinquedos "simbólicos".
Adoro íma de geladeira.
Tenho mania de colecionar coisas.
Odeio gente falsa.

Ainda quero muita coisa.
Ainda tenho muita coisa pra fazer...
Pular de pára-quedas...
Mergulhar em tantos mares!
Conhecer muitos lugares, vocês já sabem...
Mas essa lista fica pra outro dia...
Preciso dormir.

Coisas que eu não entendo


Things I Don't Understand
Composição: Chris Martin
Coldplay

How tides control the sea
And what becomes of me
How little things can slip out of your hand

How often people change
No two remain the same
Why things don't always turn out as you planned

These are things that I don't understand
Yeah these are things that I don't understand

I can't (and I can't)
Decide
Wrong (oh my wrong)
From right
Day (oh my day)
From night
Dark (oh my dark)
From light
I love (but I love)
This life

How infinite is space
And who decides your fate
Why everything will dissolve into sand

How to avoid defeat
Where truth and fiction meet
Why nothing ever turns out as you planned

These are things that I don't understand
Yeah these are things that I don't understand

I can't (and I can't)
Decide
Wrong (oh my wrong)
From right
Day (oh my day)
From night
Dark (oh my dark)
From light
I love (but I love)
This life.

27/02/2010

Natureza em rebelião

Os pesadelos no Haiti e Indonésia ainda não foram superados, mas a natureza insiste em impor a sua força. Agora foi a vez do Chile, com um terremoto de 8.8 na escala do terror. Concepción, segunda maior cidade do país, com cerca de 600 mil habitantes. 320 km de Santiago, capital do país. Reflexos na Argentina, Peru, até Brasil. Desde 1960 não se via uma tremor como este, superior inclusive ao que foi registrado no Haiti. Nesta era da comunicação, cada informação que finalmente chega é um alerta para todos os outros à mercê da revolução no oceano Pacífico. Além da terra, o mar se revolta e agora serão os tsunamis.

O mais estranho é pensar que há 7 anos eu nunca havia sequer ouvido esta expressão que hoje simboliza ondas gigantes e avassaladoras. Parece que o mar se rebelou nos últimos anos - argumento e símbolo de guerra para os ambientalistas. Contra o lixo nos mares, contra o aquecimento global. E agora o Chile, que ultimamente se transformou em ponto de turismo para brasileiros, também se transforma em ruínas aos nossos olhos, em imagens antes nunca filmadas. Por enquanto, 147 pessoas mortas. Se caminharmos para a mesma tristeza que acompanhamos no Haiti, o número irá crescer aos nossos olhos...

Com o alerta, as ilhas do Pacífico se preparam. Se bem que... como é que a gente pode se preparar pra algo assim? É mesmo possível abandonar sua casa aceitando que ela será engolida pela água ou será transformada em poeira? Samoa em alerta. Em 12 horas, a onda chegará ao Japão. Se as ondas das enchentes já destroem cidades brasileiras, imagine só uma grande onda que atropela de uma só vez o que existe no caminho... O Havaí evacuou suas praias. O que será da minha querida e sonhada Ilha de Páscoa? O que será do povo chileno?

Se os maias estão certos quanto a 2012, eu não sei. Espero que não. Mas já não duvido mais da rebeldia da natureza. Ou melhor, da rebelião da natureza. Estamos apenas sentindo os reflexos de um mundo que não está no nosso controle, por mais que tenhamos conhecimento, tecnologia e bons cientistas. Como naquela propaganda da ONG, um dia ainda seremos expulsos do nosso planeta. É a ordem natural da vida: início, meio e fim.

22/02/2010

Aceitar

Sim, eu me incomodo quando as pessoas confundem infelicidade com introspecção, crescimento e reflexão. Estou quietinha na minha, quero mesmo um tempo pra me reajustar nesse mundo maluco. Mas a distância entre me recolher e estar infeliz, é enorme! Só queria que minha mãe, sempre tão presente na minha vida, aceitasse isso de uma vez por todas e parasse de me empurrar uma infelicidade que não é minha. O que me entristece é tristeza doada.

Tenho planos de conquistar o mundo, de correr cada canto imaginado. Quero fotografar cada instante diferente, eternizar as memórias que eu viver. Sinto que o tempo voa, que preciso correr contra o relógio e ganhar espaço nessa dobra da lei da física. Se eu piscar, passa. Se eu titubear, perco. Não vou mais me lambuzar em gulas malucas, mas também não vou deixar de fazer planos audaciosos.

Estou na minha, nada mais. Levei uma rasteira inesperada, mas que também me impulsionou a alcançar sonhos antes inalcançáveis. Meu teto, minhas baleias, meus luxos, minhas conquistas. Quero ainda muito mais, mesmo que isso não se expresse em cortinas, puxadores de armários e espelho, que ainda faltam na minha casa nova. Se minha prioridade estiver em uma praça em Barcelona, lá eu estarei. Se estiver no umbigo do mundo, voarei até lá. Só não estará mais nas mãos de outra pessoa.

16/02/2010

Viajando no meu Sofá

Sobrevivi. Enquanto as pessoas estão nas estradas voltando de suas viagens, eu estou aqui com saudades das minhas. Se me sobrasse dinheiro e tempo, eu estaria longe. Provavelmente até viajaria sozinha, por mais que essa não fosse a melhor companhia. Apesar da saudade de onde já estive, das pessoas que conheci em cada canto, a melhor idéia seria correr os outros lugares que sempre rondam meus sonhos.

De Machu Picchu à Ilha de Páscoa, muita história pra ver com meus próprios olhos. Ruínas incas e totens misteriosos, antes imponentes e hoje impotentes. As chuvas assustaram os peruanos, não sei se os tsunamis ameaçam de alguma forma a ilha perdida do Chile. Dois povos diferentes, mas com uma conexão suspeita, quem sabe? Quem é que disse que nós, sul-americanos, não podemos ser todos um pouco polinésios? Queria ver toda essa história de perto, vivendo estes impérios perdidos que sempre me instigaram.

Aliás, o azul da Polinésia Francesa sempre me frustra. Oh lugar longe! A família Schurmann esteve lá e eu estive junto através das fotos e textos escritos pela professora, mãe e integrante do grupo de aventureiros. Afinal, o que ela fez é provavelmente o que eu faria, se tivesse escolha e coragem - talvez: sair pelo mar, pelo mundo, num pedaço de “casa” móvel, com minha família, escrevendo sobre o que via, quem eu conhecia, sobre cada gente, cada pedaço de chão do mundo. Bangalôs, águas transparentes, os azuis do mar e do céu em mistura tênue. A natureza abençoada e disponível pra pintar na memória.

Quantos lugares da América do Sul eu nem sequer imagino? Da Patagônia ao Chile, praias do Pacífico, Cartagena de Las Índias, subindo... Guianas, aproximando-se do belo Caribe, cheio de triângulos, bermudas, piratas e lendas dos períodos da colonização. Um mundo de histórias que não basta ler, mas vale a pena conferir. O azul do Caribe é mesmo assustador, vi de perto, mas além da saudade, bate a vontade de conhecer todos os outros azuis, verdes e lilases que sei que ainda não vi e me esperam por lá. México, República Dominicana, até mesmo o sacrificado Haiti. Quem me dera o tele transporte já fosse tecnologia registrada e pudesse comprar uns créditos pra dar um pulo ali, do outro lado do continente... Valia até um avatar, desde que minha consciência pudesse ali estar...

Lugares feitos pelas mãos dos homens “modernos”: castelos na Europa, grandes obras espalhadas no velho continente, cidades cheias de histórias em suas esquinas, ruas que presenciaram guerras e vitórias. Paris, Viena, Berlim, Barcelona, Madrid, Roma, Londres, quantos outros lugares menores e que eu nem sei o nome... Cidadezinhas perdidas no tempo, mas que esperam por nossos destinos. “O que é seu, às suas mãos virá”. Num pulo, de um país a outro, como num velho tabuleiro de “War”, conquistando os continentes, dobrando os exércitos inimigos, marcando territórios só meus.

Tudo parece longe, eu sei. Mas não vou desistir. Hoje quero o que está distante, pois resolverei o que está perto de mim assim que puder. O que está longe me cobra mais esforço, me ensina a lutar, induz minha vontade. Quero Pequim, as Grandes Muralhas que algum ET viu da Lua, os templos budistas e hindus, a Índia, um mundo completamente diferente do meu. A diversidade humana, representada em suas divindades, arquiteturas, culturas, pinturas e línguas. Se o Himalaia não fosse tão difícil, quem sabe? Valeria ainda assim uma foto com ele ao fundo... E de lá, um vôo rumo ao Japão, talvez pra ver Hiroshima e Nagasaki, entender de perto aquilo que anos atrás tanto mexeu com minha imaginação. Uma ânsia de ter certeza que o ser humano consegue se recuperar de (quase) tudo. Fissão e fusão nuclear transformados em um novo futuro.

Quantas pernas, quantos anos de vida, quanto dinheiro, quanta saúde vou precisar pra ir a cada lugar que desejo? Não sei nem se de fato terei tempo suficiente para cumprir tantas metas, especialmente aquelas que ainda nem conheço! África, quanta história e quanta lição de vida, pra voltar mais humilde, pra voltar de coração aberto, pra criar vergonha e mudar o mundo. Saber se as minas do Rei Salomão realmente estão lá, guardando tesouros e monstros, ou apenas os medos que carregamos diariamente. Subindo... O Egito de Quéops, Quéfrem e Miquerinos, se é que ainda sei escrever estes nomes (não vou espiar no Google). A vida de Indiana Jones, sei os traficantes de tesouros, nazistas malucos e recentemente os extraterrestres com caveiras do conhecimento. Mas ainda assim: o Santo Graal, a arca perdida, múmias, tumbas, história pura e real, sem o lado erudito que nos cansava na escola. Rodar o Mediterrâneo, ver a Grécia que um dia dominou nossos pensamentos. Etc!!!

Acho que posso ficar aqui “infinito” falando sobre onde quero estar. Nem mencionei outros tantos lugares do mundo, nem mesmo aqueles que estão aqui perto de mim e não conheço. Mas planos e sonhos são feitos de uma unidade básica: querer. Alguns se planejam rigorosamente durante a vida para alcançar suas metas, por mais ambiciosas e absurdas que sejam. Outros, como eu, sonham, e assim que podem, fazem a coisa acontecer. Uma margem considerável destinada ao improviso, mas sem deixar de lado as vontades fundamentais. Quero rodar o mundo, não sei como isso vai acontecer, nem quando, nem com quem, nem onde estarei primeiro. Farei o que for possível. Se não der tempo nessa vida, vou dar um jeito. Estou aberta a negociações.

14/02/2010

Minha Corrente

Talvez eu seja de fato uma pessoa de opiniões e reações um tanto quanto radicais. Na contramão de tudo, este feriado mais parece uma seqüência de dias zumbis no Egito do que dias de Carnaval no Brasil. Por questões financeiras e pessoais, escolhi me recolher no meu canto, nem mesmo procurei um aconchego familiar. Aliás, de fato tenho sido a filha, sobrinha e neta mais ausente do mundo nestes últimos meses. Talvez seja um reflexo de tantas mudanças engrenadas, um choque pra me acordar e começar tudo do zero. Uma revisão profunda de quem sou, do que esperam de mim e do que ainda entendo como felicidade.

Na sessão tortura do feriado, adicionei um ponto fraco crucial: assistir “A Corrente do Bem”de novo. Filme este que, claramente, sempre mexeu com minhas idéias. Tanto que é este o nome do movimento que meus amigos realizam ao meu lado. Posso ver este filme aos 18, aos 27, aos 50 anos. O efeito será sempre bombástico. Assim como tenho a mesma fé na bondade humana do pequeno Trevor, sou falha como Arlene e medrosa como o professor Eugene Simonet. Mas sempre que assisto ao filme, encontro mais um pedaço de mim. E isso me assusta muito.

Semelhanças. Nas mágoas com meu passado, nos erros e percalços familiares, na decepção quanto às pessoas em quem acreditei. Ao mesmo tempo na vontade de querer mudar o mundo, de entender e proteger as pessoas que amo, de consertar tudo. Este é o discurso do pequeno Trevor, seja real ou não. Quando Arlene perdoa sua mãe, me deparo com um e-mail que recebi recentemente. Quando o pai volta achando que pode apagar tudo como se fosse um santo, entendo claramente que não adianta querer mudar o passado e que as pessoas não são tão perfeitas ao ponto de sempre conseguirem “mudar” de fato. Afinal, será que a essência se desfaz por simples querer?

Eu sei que falho em muitos momentos, sei que sou dura em muitos outros. Sei que não sou um exemplo de compaixão, muito menos de caridade. Ninguém precisa me dizer isso, pois ninguém mais do que meu próprio espelho sabe de tudo isso. Mas acredite, eu me esforço. Muitas vezes não consigo controlar essa “essenciazinha” que dita meus passos, mas também não posso sair atropelando o que eu sou. Afinal, de nada adiantam pedaços soltos sem propósito. De nada adianta eu ser esfaqueada no pátio da escola como o pequeno Trevor, pois ainda quero continuar aqui. Nesse mar de contradições, só quero que me permitam ser quem sou, lutando contra meus próprios defeitos e não tolerando alguns erros alheios. Não sou de ferro.

Título Original: Pay It Forward
Sinopse: A Corrente do Bem conta a história de um garoto que crê
ser possível mudar o mundo a partir da ação voluntária de cada um.

09/02/2010

Varal

Finalmente minha casa nova tem um varal. Não preciso mais secar minhas roupas na janela, vou ter o espaço certo pra secar o que lavei. Vou finalmente lavar tudo que está acumulado naquele baú. Quem dera pudesse jogar na máquina outras coisas que eu queria lavar - limpar "por dentro". Tantas idéias, sentimentos ruins, angústias, decepções. Como se tudo fosse simples mancha removível, como se tudo saísse com água e sabão.

Lavar pra secar ao vento, pra esticar ao sol. Sair com a alma limpa, leve, renovada. Sem guardar a antiga sujeira, sem ser obrigada a conviver com as marcas um dia adquiridas. Mas quem disse que a máquina de lavar conserta furo em calça, costura rasgos, prega de volta os botões perdidos? Quem disse que o varal milagroso lança ao vento tudo que não precisamos mais? Quem foi que disse que o varal faz tudo que é ruim evaporar? Tem mancha que não sai. Tem roupa que não tem "jeito".

Resta saber se dá pra continuar usando a roupa manchada em casa, escondida do resto do mundo, só na minha própria rotina. Quem é que disse que tudo quanto é roupa manchada a gente aceita se desfazer com tanto desprendimento? Tem roupa manchada que a gente usa pra dormir, outras a gente passa pra frente. Como se pudéssemos terceirizar o problema. Mas tem mancha que acaba com tudo e a roupa antes predileta, agora é vergonhosa, desprezível.

Mancha boa é aquele que nos obriga a mudar tudo, a comprar roupa nova, rompendo vínculos por comodismo. Mancha boa é aquela que nos mobiliza, que faz você trocar de roupa e finalmente mudar todo o resto. Tem mancha que vem pra abrir os olhos: “enxerga a mancha, veja a sujeira escondida, hora de deixar isso de lado”. Portanto, você é quem sabe que tipo de mancha é capaz de suportar ou desprezar.

Procure suas manchas, seus furos, linhas descosturadas, antes que alguém de fora aponte. Ache você mesmo os seus pontos “maculados”, decida como agir em relação a eles. Se valer o esforço, tire a mancha, talvez minimize-a. Se não for possível, pense se é possível suportá-la ou não, se ainda dá pra aproveitar algum aprendizado. Se for insuportável, esvazie sua gaveta, desprenda-se, mude. Renove seu guarda-roupa, não ocupe seu varal com roupas manchadas inúteis. Guarde apenas as fotos registradas enquanto ainda não existiam manchas, guarde apenas a lembrança de quando as cores eram divinamente respeitadas. Não se suje por pouca coisa, dê-se ao conforto de não exibir antigas manchas que não te deixam mais felizes e nem te transformam numa pessoa melhor.

06/02/2010

Remorsos seus, não meus

Sou muito jovem para me responsabilizar pela correção dos erros alheios. Não posso suportar uma carga, um carma, um medo, um remorso que não são meus. Só tenho meus 27 anos, que agora me pareceram pólvora incinerada, e não posso corrigir erros de quem tem 57, 41, 33, nem mesmo 18 anos. Nem de quem ainda está por vir em minha vida. Cada um que se resolva nessa vida, e olha que nem sou tão egoísta assim. Eu bem que tento tornar tudo o mais amigável possível, o menos constrangedor, o mais confortável para quem convivo. Quer minha ajuda? Estou aqui. Mas enquanto você não quiser minha intromissão, a escolha é sua. Livre-arbítrio.

Não consigo sequer dormir sem resolver as minhas raivas, ou ao menos sem traçar um plano para resolvê-las. Vou cuspir meu ódio, escrever cartas, ligar no meio da madrugada, mas não vou engolir o veneno. Só que normalmente não incluo ações alheias nos meus planos – sou dona apenas dos meus atos. Conto somente com o que depende de mim. Não espero mais que todas as pessoas do mundo sigam a minha maré, muito menos priorizem “por obrigação” as causas pelas quais eu decidir lutar. Não é assim que definimos “afinidades” e descobrimos nossos amigos ou companheiros de bandeira?

Assim também encaro os problemas. Se me incomodam, eu é quem tenho que resolver. Não tenho que colocar ninguém pra resolver por mim. E pior ainda quando alguém acha que tenho um problema que pra mim nem sequer existe. Portanto, respondo (sou tachada como dura): “eu resolvo”. Quero simplesmente dizer que “eu” é quem resolvo ou posso resolver, decido, percebo um “incômodo” ou encaro alguma coisa como problema, e não outra pessoa. Pareço meio rebelde? Independente demais? Seca, fria, egocêntrica? Talvez, mas me deixem, porque se eu estiver errada em “ser assim”, um dia eu vou descobrir. E aí talvez essa minha “mania” vire um problema – e assim eu mesma terei que resolvê-lo... Não se preocupem, não sou orgulhosa: quando eu quiser corrigir um problema, um erro, um tropeço meu, eu vou assumir. Vou pedir ajuda, se precisar! Só não me digam o que eu tenho que fazer. Sei bem a origem dos meus problemas. Só eu posso saber se eles merecem solução.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: A “Corrente do Bem” é um ato público que reflete a liberdade de cada um. Quer ou não participar? Não depende de mim. Fico feliz por ver a idéia crescendo, por conhecer pessoas fabulosas, por contar com meus amigos nessa vontade, por ver o efeito que isso causa, mas a escolha de estar ali, é de cada um, sem que eu possa interferir. Eu convido, mas a vontade é sua. É isso que me deixa feliz – você não está ali porque foi forçado, mas porque se sente parte daquele movimento. Se a “coisa” é natural, o sentimento é verdadeiro. Portanto, você não está abraçando pela minha idéia, mas por sua capacidade de amar o próximo. ESSA É A VERDADEIRA RECOMPENSA.

03/02/2010

Conversa sem Rumo

Responda francamente: Sua turma de amigos tem um dialeto próprio? Vocês se lembram de situações em que cada um viu os fatos acontecerem de um jeito? Você sempre se lembra de algum ponto obscuro da história de seus amigos que nem eles se lembram? Você sempre se diverte quando todo mundo se lembra dos mesmos casos? Criam metáforas no final da noite que só vocês conseguirão algum dia entender?

O problema é que parece papo de bêbado, mas só 50% tinham tomado cerveja. Só se tivesse pinga no vinagrete! A questão é que de repente tudo passou a ser culpa do aquecimento global, do alinhamento dos planetas, da cultura "Emo", até mesmo das músicas da banda "Fresno" e quaisquer outros culpados que nada tinham a ver com o assunto. No final, só pra constar, a culpa maior era do meu blog e das novas mídias. Claro, você não está entendendo nada...

Portanto, assim foi o reencontro da nossa turma da faculdade... Como estamos velhos! Quantos filhos nossos amigos já têm? Qual é mesmo a idade da Bia? Como é que o Guigui sabe o que significa fazer "tin-tin" aos 2 anos e poucos meses? Quando é que fulano se casou? Quem era mesmo tal pessoa? Como é que alguém podia se lembrar das pernas do fulano de tal? Uma série de falhas de memória e eis que só restaram aqueles que realmente "grudaram", ou seja, só não caiu no esquecimento quem fez parte daqueles momentos importantes, até o final.

- Como é que pode esse menino já montar um quebra-cabeça? Você se imagina pai?
- Eu vi o Ice passando.
- Falou que não vem, que tinha coisas pra resolver em casa.
- Eu me imagino o maior paizão. Sério!
- Eu não consigo até hoje me imaginar como mãe.
- Vamo lá, Guigui, você vai ficar amigo da Ednamara!
- A Rol agora tem um blog, mas não coloca os podres lá, né?
- A questão mais discutida pelo grão-mestre era sobre as técnicas do prazer total.
- Fora o sexo tântrico. Por isso acabei com meus e-mails que começavam com "WWW"...
- Como chamava aquele cara das pernas grossas e cabeludas?
- Como é que alguém lembra dos cabelos enrolados do cara?
- Nunca mais vi a Berê!
- Como chama o cara da plantação de tomate?
- E o tenista?
- A gente podia aproveitar muito mais se fosse mais maduro, né?
- Como chama aquela da foto na porta do CAE?
- Duvido que alguém tem o telefone de fulano...
- Gente, que guerra! Eu não me lembro desse povo...
- Tinha aquela que parecia com os "wilwoks" (não sei como escreve). Como chamava o filme mesmo? Terra do Nunca? História sem Fim?
- Puerto Madero. (leia com um sotaque espanhol esquisito)
- 40 dólares pra ir no Senhor Tango, eu não fui, mas vale a pena!
- Eu não quis nem saber! 150 o casaco da Dior! Pode comprar, vai comprar!
- Eu já não agüentava mais comer carne.
- Melhor andar a pé pra conhecer os lugares...
- Eu não quero nem saber, vou dar um jeito de ligar pra Cláudia e ir com vocês.
- Mas e a balada em Buenos Aires? Como é?
- Eu só sei que eu não queria ir embora, e nem gosto de boate!
- Afinal, o que você tinha pra resolver em casa?
- Coisa lá de casa... (continuou no ar...)
- Quem diria... Agora finalmente temos um acadêmico na turma!
- Tô dando até mini-curso... (leia com a tremedeira de sempre)
- Pai, me dá um picolé?
- Agora já era, já estamos indo embora!
- Os prédios mudaram todos de lugar. Tudo está diferente na PUC...
- Eu só me lembro do 43, o Titanic.
- O 43 era o quê?
- Nosso prédio, uai.
- Ah, eu só me lembro do 34. Que guerra!
- Basta inverter.
- Boa!
- Vi o Gustavo, que era nosso monitor... (não lembro o resto desse assunto)
- O bochechudo do olho verde?
- Gente, eu só vim dar um abraço em vocês, tô com muita dor de cabeça.
- Naquele dia do baile, tinha a festa de fim de ano da Band. Se a gente dormisse, não acordava pro baile. Era melhor continuar acordados, Maguá e eu.
- Pensei que só eu tivesse levado um tombo no baile... Eu tomei uma garrafa de vinho, dormi na van e cheguei sã na festa...
- Culpa do Fresno, o alinhamento dos planetas, a cultura "emo", Avatar, etc.
- Eu e Marina bebemos umas duas garrafas cada, ficamos terríveis!
- Meu vestido ganhou um furo no primeiro dia de uso.
- Eu "peguei" os amigos do Ice ao longo dos anos, o irmão também... (ainda bem que ele já tinha ido embora)
- Gente, não vale ficar lembrando essas coisas. A menina foi até embora!
- A Dri não era chata, era mau humorada.
- Eu sempre gostei da Dri. Mas ela precisa de um negão na vida dela.
- Pereira é um enrolado. Já mandou mensagem furando.
- Como é que um cara cai nesse papo? Lógico que você também contribuiu.
- Gente, o mundo tá acabando! Não to acreditando nisso...
- Vocês nunca viram isso? Já rolou isso comigo também...
- Culpa do Fresno, o alinhamento dos planetas, etc. Todo mundo agora tem um Avatar!
- Vocês viraram umas pervertidas!
- Que isso, Lambão, normal! Eu só estou reagindo ao mercado...
- O bom é que agora a Ciência da Informação invadiu o bairro, somos todos vizinhos.
- Eu não, ainda moro longe daqui.
- Eu também.
- Mas só funciona assim mesmo, se marcar sem planejar, pra ninguém dar o bolo.
- Olha o tamanho da filha da Ju!
- Eu pago a cerveja. Vocês pagam a comida.
- Eu quero ser solteiro. A vida tá essa guerra toda?
- Mas nem te conto a decepção... Ohhh, desperdício!
- "Cafa" a gente só pode pegar até o carnaval. Eu cortei os "cafa" da minha vida.
- Eu sei como é isso.
- Luizinho na segunda? Bora?
- É, porque na quinta enche demais. Não rola.
- Vou apresentar meus amigos acadêmicos e gente boa.
- Fechado.
- O que importa é o Dejavu.
- Nunca ouvi isso.
- Vamos te apresentar pro Dejavu. (o som toca no carro)
- Segunda, hein!

Gente, que falta vocês fazem!

01/02/2010

Poema "Praça do Abraço"

Por Eduardo Augusto Batista dos Santos
01/02/2010


Foi um marco
Na praça do abraço

Não precisou pegar ninguém no laço
Carinho, atenção, esse é o recado!
De coração pra coração
De coração na emoção!

Liberdade de andar
Liberdade de parar
Liberdade para abraçar
Pode vir até mesmo, quem só quer desabafar!

Se você é feliz
Não tem porque se machucar,
Traz em sua missão o dom de curar!

Devagar, correndo
Correndo devagar
Dá até pra imaginar
Se a vida fosse só amar!

Do velhinho ao menininho
A gente faz só um pouquinho!
É que queremos sonhar
Com um mundo melhorzinho!

É a corrente do Bem!
Que os anjos cantem amém!