13/11/2012

Ilusões do Ouro de Tolo

Sou facilmente percebida por métricas: quantas fotos tiradas, quantas fotos reveladas, quantos posts escritos, quantos posts públicos, quantos compromissos agendados, quantas festas presenciadas. O meu ser social representa a minha "efetividade" diante dos fatos: ou sou, ou não estou mesmo a fim de ser. Simplesmente quero estar ali, ou não quero sequer fazer parte... A questão é que 2012 pode não ser mesmo o fim do mundo, nem pros maias, nem pra mim, nem pra você, mas de alguma forma é uma mudança radical no meu jeito "sociável" de ser.

Nunca fui tão rabugenta, nunca fui tão azeda, nunca fui tão mau humorada, talvez nunca tenha sido tão séria e talvez tão fria e madura. Pra grande maioria, claro, isso é quase imperceptível. Mas pra quem tinha como padrão alguém tão presente, quase sempre disponível, tão constante, 2012 pode ter sido um choque. Um choque cultural, uma ruptura nas convenções que provavelmente mais me sugavam do que me davam espaço... Mas tudo tem seu outro lado: faz falta aquela leveza, faz falta ser mais amável. Afinal, a doçura e suposta amabilidade social têm suas vantagens. 

Só que o peso, o esgotamento, a falta de tempo pra me debruçar em cima dos meus próprios medos, encobertos durante tanto tempo (sim, já fui essa rabugenta em outra fase da vida... isso é cíclico), fizeram com que eu parasse de olhar pra minha vida real, pro meu mundo miúdo cheio de questões pra ponderar, pesar e resolver. Sim, a pessoa amável tem dúvidas, problemas e questões. Só porque aparento ser leve não quer dizer que não tenha dentro de mim um turbilhão pesado de maluquices... 

Quando notei, estava aqui, cheia de coisas pra rever, hábitos pra mudar, comportamentos pra repensar. E ainda são vários, congelados - muitos deles completamente fora das minhas reais possibilidades de seguir adiante. Sim, eu preciso me mexer, mudar, revisar meus conceitos. Retomar alguns dos quais andei me desapegando ao longo desses anos de pessoa "leve" - e, agora que vejo, talvez superficial. É hora de retomar as rédeas da vida real, com seu peso real, deixando de lado as manias absorvidas neste tempo maluco que só Cazuza daria conta... Fascinação pura, ilusão que entorpece. A vida consegue te fazer isso, é muito fácil se deixar levar. 

É hora de deixar o cavalo-marinho contar suas histórias por aí, em outras bandas... E que este ciclo de azedume me ajude mais uma vez a voltar aos eixos, com os pés no chão, ainda em tempo de consertar o que está errado, retomar do ponto onde parei e aprender com o que já vivi. Que as doces ilusões dessas primaveras entorpecentes fiquem como boas lembranças, mas que sirvam de lição para as próximas aventuras, um pouco mais "comedidas", mais amadurecidas, menos desvairadas. Pois nem tudo que reluz é ouro.