11/11/2013

O Desapego da Camaleoa!

Estou numa grande onda do exercício do desapego. Acabei de descobrindo mais leve quando adotei uma nova postura diante das minhas decisões: não posso agir por você, não posso ser melhor que 99% das pessoas do mundo, nem posso segurar o meu destino entre meus dedos - ele tem sua própria força. A vantagem desse processo, que não vem de hoje mas só agora está se configurando às vistas alheias, é que eu me sinto mais leve - e menos pesarosa por tomar atitudes conscientes e sinceras, mesmo que aparentemente antagônicas. Há algum tempo, eu queria pra mim tudo aquilo que me trazia segurança, conforto e plenitude. Hoje eu quero pra mim o que de fato tiver que ser meu, com os desafios que isso representar. 

A questão é o desapego te ensina a ver o outro lado como uma novidade: por que não tentar, por que não se reinventar? Quando você não muda, o seu mundo não muda, você não vê resultados diferentes. Não que você esteja trilhando um caminho errado, mas quem é que te disse que não existe outro caminho ainda melhor? Se você não tentar, por você, por sua própria decisão, uma hora o destino vai te impor uma nova postura, e você não vai estar aberto a isso. Então se abrir, por livre e própria vontade, pode ser um passo positivo pra se deixar renovar, se deixar desafiar, mesmo que no fundo você já saiba que vai dar conta, modéstia à parte.

A verdade é que sempre que me permiti uma mudança, aprendi. E sempre que uma mudança me foi imposta, aprendi do mesmo jeito, mas às vezes de forma dolorosa. Então se abrir ao novo, se propor uma reviravolta, se desvirar do avesso, deixa de ser tão arriscado e passa a ser simplesmente uma atitude preventiva, racional e bastante positiva. Quando você se desapega, se permite ser diferente, você se abre, você aceita a mudança como uma decisão sua, consciente e prudente. Não é fácil, mas quando se aprende, o desapego te torna mais leve, te ensina a ser menos dura com suas limitações e te impulsiona rumo a novas possibilidades. E se tudo der errado, você já aprendeu a mudar, por sua própria capacidade de se camuflar, camaleoa de sua própria vida. 

Não sei até quando a onda otimista da mudança auto-sustentada irá permanecer nestas praias, mas fato é que nos últimos meses eu ando revirando velhos planos, velhos sonhos, metas antes esquecidas. Metas que por tantos anos me nortearam como pessoa e que por algum motivo, das quais me distanciei cumprindo os rituais paradoxais da vida. Não sei até que ponto revirar tudo de volta vai me levar lá, naquele ponto que anda me incomodando, me trazendo de volta à minha essência. Só sei que desapegar do que já se tem certeza é um bom começo pra se reinventar, pra renascer, pra recriar sonhos. E mais: para perdoar aqueles que insistem em seguir, na mediocridade, achando que são felizes por que se julgam melhores, maiores, mais ricos, mais qualquer outra coisa que é total ilusão. Pois a real satisfação está única e exclusivamente dentro de você, e você é a única pessoa do mundo da qual você não pode se desapegar.


Saqsaywaman - Peru - 2013

Considerações: Tudo isso tem a ver com pinguins, porquinho da índia, criatividade pra reinventar a vida, saudade do mar, um septo nasal recentemente esvaziado e principalmente - uma cabeça disponível pra revisar minhas prioridades. 

Obs: Ainda devo um texto sobre Machu Picchu, eu sei... :)