Sim, eu tenho medos.
Diferentes em peso, forma e impacto.
Todo santo dia tenho algum medo novo, mas nem por isso permanente.
Todo santo dia luto contra os meus medos.
E em tempos de incertezas, de mudanças, de decisões, fica bem mais difícil encarar os meus medos.
Tenho medo de morrer sozinha.
Tenho medo de viver uma vida infeliz.
Tenho medo de fracassar e voltar para a casa da minha mãe com o rabo entre as pernas.
Tenho medo de adoecer de novo.
Tenho medo de escada.
Tenho medo de não constituir minha própria família.
Tenho medo de ficar desempregada.
Tenho medo de ser atacada por um estranho.
Tenho medo de perder a memória.
Tenho medo de motoristas estressados.
Todo santo dia reviso cada um desses medos, sem permitir que me tirem o direito de ir e vir. E raramente peço coragem para encarar um deles, pois me sinto na obrigação de lidar com meus próprios fantasmas.
Mas obviamente baixo a guarda, humildemente, quando percebo que um destes medos se aproxima, por algum motivo ou circunstância. Peço em minhas orações simplórias pra ter coragem e força pra seguir em frente, mesmo sentindo medo. Mesmo sentindo insegurança, mesmo me sentindo triste ou derrotada. Peço para que Alguém me ouça e assim tento deixar meu destino nas mãos de Quem sabe melhor do que eu o que me cabe nesta vida.
Em tempos de medo tento enxergar os sinais. Sinais da vida sobre o quanto eu estou me perdendo por medo. Medo de mudar, medo de me desapegar, medo de perder, medo de sofrer de novo. Mas ter medo faz parte da natureza humana, do nosso instinto de sobrevivência. Sem o medo, não aprendemos a ponderar, a escolher, a decidir e a medir os riscos envolvidos. O medo nos mantém em alerta, nos mantém atentos.
Converter medo em coragem é particularmente difícil pra mim. Quando em tempos de bonança, parece um ato natural. Quando em tempos de dificuldade, parece sobrenatural. E rezo, oro, peço para que o medo não me cegue, não me congele, não me torne uma pessoa sem esperança.
Há de passar, pois a vida é assim: alternância entre medo e coragem. A cada segundo.
Nessa época eu ainda queria minha própria familia! :) Curioso!
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