Sempre que alguém quer saber o que mais me impressionou nesta viagem ao Peru, fica fácil dizer que não foram as montanhas gigantescas pela janela e nem a grandiosidade da história dos incas. O que me marcou no Peru foram as pessoas de hoje, apesar de sentir que muitas delas ainda vivem em função de um passado bem distante. Da melancolia ao orgulho por sua história de domínio e dominação, os peruanos de hoje precisam superar o saudosismo para vislumbrar um futuro tão colorido quanto suas tecelagens.
Fato é que as montanhas estão mesmo por todos os lados. E tanto os antepassados com sangue inca, como os peruanos de hoje, aprenderam a seguir os contornos destas gigantes para conviver em harmonia com a natureza. Você roda pelas estradas e se depara com lindos picos nevados, de 5.500 metros como o Verônica, que estão ali desde sempre, como molduras na região do Vale Sagrado. Imponentes e respeitados, transformando o Peru num território em que qualquer planície é sagrada e onde as montanhas ainda têm serventia: como proteção, para o plantio em curvas de nível, como barreiras naturais para as mudanças climáticas.
Entretanto, na região de Cusco, nota-se que o desmatamento de anos atrás foi tão feroz quanto a subjugação dos espanhóis. Naquelas terras quase nenhuma árvore renasce e prova-se o nosso temor da desertificação da nossa própria Amazônia. Alguns pinheiros salpicados pela região foram replantados, supostamente de origem de uma espécie australiana, para tentar reviver a floresta local, mas todos os esforços foram insuficientes e o que se vê são montanhas e vales com poucos arbustos, com a terra nua. Efeito de uma economia que não aprender a se sustentar ao longo dos humanos - defeito humano que vem de fábrica, certo?
Entretanto, na região de Cusco, nota-se que o desmatamento de anos atrás foi tão feroz quanto a subjugação dos espanhóis. Naquelas terras quase nenhuma árvore renasce e prova-se o nosso temor da desertificação da nossa própria Amazônia. Alguns pinheiros salpicados pela região foram replantados, supostamente de origem de uma espécie australiana, para tentar reviver a floresta local, mas todos os esforços foram insuficientes e o que se vê são montanhas e vales com poucos arbustos, com a terra nua. Efeito de uma economia que não aprender a se sustentar ao longo dos humanos - defeito humano que vem de fábrica, certo?
Você aprende que em Cusco, tudo é negociado. A pechincha é parte da cultura do comércio local e para tudo se pede um desconto. Mas eu cheguei à conclusão que você só pechincha com quem você sabe que está ganhando muito dinheiro e eu não tinha muita coragem de pedir descontos ou "regalos". Você percebe que está disposto a pagar aquele preço, mesmo que não seja equivalente à qualidade do que está comprando, simplesmente pra garantir que aquele povo sobreviva dignamente, do seu artesanato e do comércio livre nas ruas. Já tenho meus hábitos de compra de artesanato estabelecidos, mas garanto que resisti bastante a todos os bagulhos que encontrei pelos becos e bancadas de Cusco. Tudo é muito colorido, expressivo e as pessoas estão totalmente dispostas a negociar para que você compre qualquer coisa, mesmo que não seja de fato de lã de alpaca. Todos disseram pra não comprar a prata vendida na Plaza de Armas, pois é falsa, mas é uma bijouteria tão barata e aquelas pessoas precisam tanto, que o que menos importa é o fato de ser de prata. A lã falsa irrita a pele (fico realmente pinicando), mas nos dias de frio ela me esquentou o suficiente e valeu o preço, que não era caro. Daí eu me pergunto: não vale a pena ser enganada por esse povo tão desesperado, vivendo às custas do turismo, que é o que lhes resta? Comprei uma máscara para para minha coleção, a mais inacabada que vi, por um preço semelhante àquelas já bem envernizadas e coloridas. Mas era de um senhor tão desolado que caminhava pelas ruas de Machu Picchu tentando vender seu trabalho, e claro, não vi nenhuma outra igual. Dane-se o dinheiro que os outros esperam que eu gaste em free shops - eu viajo pra ver e ser gente, pra talvez bater a asa da borboleta em outro canto.
A comida. Não comi o ceviche peruano que tinha planejado, mas estive em dois restaurantes em Cusco que me marcaram por motivos diferentes: um pela apresentação de dança inusitada e o outro pela comida de fato. A apresentação de dança aconteceu enquanto eu tomava uma sopa de legumes, daquelas bem verdes e pastosas, e mais uma vez repito: como gosto de gente, especialmente de gente diferente! A música andina, em seu ritmo alegre, com flautas peruanas fazendo o "furi-furi" que eu sempre ouvi na praça da minha cidade natal. Os dançarinos vestidos a caráter, tímidos, mas executando os passos, rodopiando coloridos. Pra quem não sabe, foi assim que me emocionei no Peru e voltei pra mesa com os olhos molhados, com minha mãe surpresa com minha reação. É bonito ver gente cultivando a cultura, sem transformar aquilo em algo cinematográfico. Quanto ao outro restaurante, foi uma boa surpresa para o paladar (La Cicciolina é o nome). Fechamos a viagem com chave de ouro.
Planejamos a viagem para estarmos em Cusco e Machu Picchu em um período de clima estável, sem chuvas, já que de outubro a fevereiro, a umidade é fator a se considerar. Viajamos em agosto e nos surpreendemos com um clima frio, de congelar os ossos. Especialmente porque não nos hospedamos em nenhum hotel luxuoso e por este motivo garanto que tomei banhos frios em algumas noites, pois o encanamento congelava e o gás não era suficiente para esquentar a água. Portanto, apesar do céu azul e de não suar muito durante as caminhadas nesta época do ano, garanto que se programar para os horários do banho é uma boa dica. E seguindo esta linha do raciocínio, acredito que isso explica os pés empoeirados de tantos artesãos e vendedores na Plaza de Armas de Cusco e nos pontos turísticos... Não sei até que ponto os peruanos daquela região realmente têm água quente todos os dias para terem o hábito tão rigoroso como temos. Banho frio é sofrido!
Em outro post, escrevo mais!
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