06/05/2010

Sexting e Tabu

Você ainda acredita que só existe este mundo visível aos olhos? Seus relacionamentos ainda são totalmente convencionais? O que você já viveu algum relacionamento fora do plano corpo a corpo, além daquilo que realmente pode tocar? Já descobriu um mundo paralelo que a Internet possibilitou nos últimos anos? Já se apaixonou por alguém com quem apenas teclou ou já sentiu atração por alguém que nunca viu de perto? Ou apenas pula do real para o virtual para criar coragens que não são suas?

O termo em inglês para a parte "pesada" deste jogo é “sexting”. Segundo a wikipédia... “Sexting (contração de sex e texting) refere-se a divulgação de conteúdos eróticos e sensuais através de celulares. Iniciou-se através das mensagens de natureza sexual e com o avanço tecnológico tem-se aumentado o envio de fotografias e vídeo, aos quais aplica-se o mesmo termo, mesmo que texting se refira originalmente em inglês mensagens enviadas como texto. É uma prática cada vez mais comum entre jovens. O termo sexting pode ser etendido também pelo envio e divulgação de conteúdos eróticos, sensuais e sexuais com imagens pessoais pela internet utilizando-se de qualquer meio eletrônico, como câmeras fotográficas digitais, webcams e smartphones.”

Esta mudança preocupa quando pensamos em pornografia infantil e desrespeito em diferentes níveis, especialmente quanto à privacidade. Uma boa legislação para crimes virtuais deve tomar conta deste problema. Mas o lado “bom” desta história será um tabu constante para grande parte das pessoas, especialmente para gerações que entendem essa prática como um abuso moral. Entretanto, estou aqui para apresentar alguns de meus argumentos positivos sobre esta prática, desde que a mesma seja “controlada” e não alcance idades incapazes de discernir o certo do errado.

Revolução. Os relacionamentos virtuais são cada vez mais comuns em nossos tempos. Se você pensa que seu namorado (a) nunca entra no MSN, Skype, etc, ou que ele nem sequer conversa com outras pessoas pela Internet, você está se enganando. Você nem precisa da senha do e-mail dele (a) – garanto que algum tipo de relacionamento é mantido através das conexões virtuais. E isso não significa que a pessoa não goste de você, nem que esteja de fato traindo você. É só mais um dos nossos mecanismos de “manter o gado no pasto”, ou seja, de sabermos que ainda temos controle sobre as pessoas com que já nos relacionamos ou com quem talvez nos relacionaríamos. É um hábito narcisista, também fácil de entender quando pensamos em nossas fraquezas como ser humano. Afinal, como é bom ser querido até por quem não amamos mais ou por quem nem sequer conhecemos profundamente! Egocêntricos!

Sexualidade. Todos nós alimentamos inúmeros medos sobre quem somos - sexualmente falando. Não falo de suas opções sexuais, mas sim de realmente sabermos se somos capazes de dar e receber prazer sem medos e punições. As gueixas japonesas eram e são treinadas para conhecer as técnicas de dominação do homem, exatamente porque conhecem o prazer em seu termo mais amplo: não apenas o prazer sexual, mas o prazer que atinge a todos os sentidos humanos e espirituais. Será então que não falta aos nossos conhecimentos ocidentais uma ponta de sabedoria sobre o prazer? Será que não somos completamente imbecis diante de nossas necessidades sexuais, barrados moral e sociologicamente? Será que não nos punimos conscientemente por assumirmos nossa carência quase orgânica? Somos de carne e osso.

Segurança. O mundo virtual tem suas fragilidades, mas falo da segurança do ego. Você pode criar uma segunda personalidade, pode extrapolar seus medos e superá-los para aliviar as pressões sofridas (por dentro e por fora). Claro, sem exageros. Não esqueça de si mesmo, não fuja da realidade. Apenas desenvolva sua segurança, mostre-se auto confiante. Não significa necessariamente que algum dia você vai sair do virtual para o real, mas sim que você mentalmente tem completa capacidade de conquistar e ser conquistado. Esse exercício pode te treinar e dar coragem para uma oportunidade real, quando esta surgir. Não se apresse, nem sempre sair do virtual é a melhor opção. Aliás, em estatísticas não-oficiais, 70% dos casos que nascem na Internet e se concretizam no mundo concreto são um fracasso. Às vezes o sexo é uma prática mental, mude seus conceitos. Aprenda a se divertir com sua inteligência, com seu poder de conquista, com sua imaginação.

Extravasar... Existem pesquisas que indicam que as taxas de crime estão opostamente vinculadas às taxas de acesso a conteúdos pornográficos. Não se trata de um “achismo”, mas sim de uma pesquisa sociológica com objetivo de entender as relações humanas e o sexo como forma de exaltar raivas, violência e até mesmo controlar “gente do mal”. Outras culturas já permitiram certas doses de “pornografia” em nome de uma suposta “paz comunitária”. No fundo, isso diz respeito à natureza animalesca do ser humano: todos nós temos uma pontinha de perversão, uma pontinha de luxúria, uma pontinha de vontade de perder a cabeça e arriscar por um prazer incontrolável. Melhor fazer isso sem riscos de doenças, traição, imoralidade. Uma espiadinha num conteúdo impróprio para menores, um fetiche com alguém por quem sente atração, nada disso é crime e muito menos recriminável. Esconder seus desejos pode ser um veneno muito perigoso. Não negue que você também pensa bobagens!

Claro que essa postagem pode causar diferentes repercussões, mas prefiro arriscar e colocar este tema em debate. Claro, sempre tome muito cuidado para não se expor, para não cair nas mãos de gente em quem não confia e não conhece. Não é pra sair espalhando suas fotos sem roupas, muito menos ser gravada (o) em momentos íntimos que não devem ser divulgados. Não seja ingênuo – é a regra fundamental! Mas não deixe de aproveitar algumas vantagens que o mundo virtual possibilita para conhecer a si mesmo, para desenvolver sua timidez ou coragem, para minimizar sua solidão cotidiana enquanto espera a série predileta na TV. Talvez você descubra que tem gente muito mais humana ao teclar durante a madrugada do que muitos robôs com os quais convive diariamente e presencialmente. Não se culpe por ter mais vida no Second Life, Orkut, Facebook ou no seu blog.

Você não se transformará numa pessoa pervertida apenas por curtir o outro lado da tela do seu computador. Você será apenas mais entre muitos que já possuem vidas paralelas, uma vez que o distanciamento no mundo concreto é cada vez mais assustador. Acredite, as relações humanas mudaram, você não é um maluco solto na banda larga. A propósito, hoje estão reprisando o episódio de House sobre a blogueira que posta tudo sobre sua vida na Internet. O que seria de mim sem meu blog, sem meu profile nas comunidades virtuais, sem meu diário de papel que ainda existe e persiste?


Série House / Universal Channel

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O mundo virtual é muito mais fácil de se viver que o real. Se algo deu errado, é só clicar Ctril + Z e tudo se resolve. No entanto, no mundo real é tudo muito mais intenso, mais prazeroso e também mais doloroso. Temos que saber conciliar o mundo virtual com o Real, mas nunca deixar que as desventuras ou pedras no caminho do mundo real nos prenda no mundo imaginário do computador.

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  3. Claro! Concordo em número, gênero e grau.

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