28/03/2010

Estratégias...

Como você sobrevive ao tempo e ao medo da solidão. Eu tenho várias táticas. A principal é manter os amigos por perto, ser responsável por quem cativo. Respeito o espaço particular que todos os meus amigos precisam e acho que todos eles sabem que vou estar ali, disponível para ouvir e talvez comentar. É uma escolha deles. Assim como sei que eles irão me socorrer quando eu estiver destruída em algum canto. Mas as estratégias mais pitorescas é que merecem aqui alguns comentários rápidos, flashes de domingo à noite...

1) Eu compro peixes. Assim exercito a minha rotina e a minha preocupação com uma vida que não reclama. Tenho que adivinhar todos os dias qual é o próximo passo, o que há de errado com a água ou com a ração. Peixe tem memória volátil. Com estes seres suscetíveis aos meus erros, aprendo a evaporar minhas lembranças, fluir como água e me esforço para não me apegar às coisas, lugares e pessoas. Claro, no quesito “pessoas” eu sou um fracasso – sempre me apego. Sábado comprei seis neons (que só sobrevivem em água velha, por causa do PH) e um beta amarelo (cor que nunca escolhi, pois obviamente os vermelhos e azuis são muito mais bonitos). Aí vem a segunda parte do desafio: valorizar a permanência e a sobrevivência, não a aparência. Gosto de guppys porque se esforçam continuamente para que a espécie continue. Gosto de betas pois aprendem a conviver com a solidão.

2) Eu revejo fotos. Você conhece alguém que fotografa momentos ruins (exceto jornalistas e sociólogos, claro)? Eu raramente saio numa foto quando não estou bem. Foto pra mim é mecanismo de lembrança, ferramenta mnemônica que conecta memórias e sensações. Se o momento não é digno de ser lembrado, não deve ser registrado. É como respeito minha privacidade e como me distancio daquilo que não vale a pena. Se você não está bem, a lente da câmera não fará milagre. O flash vai apenas denunciar sua tristeza. Gosto de foto de gente, de foto de lugares, de fotos à luz do dia. Fotos que esclarecem e não mentem.

3) Eu me divirto com conquistas impossíveis. Ontem fizemos uma aposta num bar. Eu venci porque apostei na audácia. Aposta registrada num guardanapo. Sou assim também em vários aspectos pessoais, profissionais, emocionais, etc. Quando espero alguma coisa, espero pelo melhor, mesmo que não seja o mais provável estatisticamente. Não perco meu tempo esperando por coisas mais ou menos, pois o mediano não me satisfaz. Quero algo que me faça crescer, não que mantenha sempre onde já estou. Quero o mais bonito, o mais promissor, o mais alegre, o mais divertido, o mais arriscado. Mesmo que o resultado seja duvidoso, mesmo que eu me decepcione, ainda acho que a vida é uma mesa de dados. Minha aposta é 6 ou 6. Vermelho, de preferência.

4) Eu escrevo. Óbvio. Mesmo que o texto não interesse a ninguém, mesmo que eu fale abobrinhas ou conte coisas que não devo, eu escrevo. Escrever tira um peso das minhas idéias e me libera para dormir. Sem escrever, minhas maluquices não se calam e fico rodando na cama feito um ponteiro de relógio. Dormir com a cabeça cheia faz mal pra saúde. Prefiro me esvaziar aqui, dormir em paz e acordar sem memória saturada. Desligo meu processador e quando não consigo isso, acordo com olheiras e soluções mentais. Escrever não deixa de ser uma maneira de cuspir marimbondos.

Meus amigos também adotam suas estratégias pra vencer o tempo. Alguns fazem filmes, outros escrevem poemas. Outros estudam sem parar, alguns planejam como ganhar o primeiro milhão. Alguns outros se divertem o tempo todo, sem parar, não dormem pra não sonhar. Cada um sabe os fantasmas que rondam seu relógio.


24/03/2010

Gente de cara feia

Existem duas escolhas para se “viver a vida”: você pode viver se lamentando por não ter tudo o que quer ou viver sempre querendo aquilo que ainda não tem. Quem você é dentre essas escolhas? Como você se encaixa nesse sim ou não que a vida lhe impõe? Eu prefiro continuar querendo até o que eu não posso ter, do que viver reclamando. Prefiro perder meu tempo tentando a ficar esperando a sorte bater à minha porta. Detesto gente de cara feia, que fica se martirizando por não ser outra pessoa, por não ter alguma coisa, por não ter sorte, por não ter a chance que o outro teve.

Essa inveja que domina os “caras feias” me incomoda muito. Estou no meu canto, só quero fazer o meu melhor, seguir a minha “vidinha” sem gente “secando” as minhas conquistas e muito menos empatando as minhas lutas. Não gosto de gente que quer tudo pra si pelo simples fato de não conseguir suportar a felicidade alheia. Se eu consigo trabalhar e me divertir ao mesmo tempo, que mal há nisso? Se eu consigo ter amigos de todos os gênios, gêneros e psicoses, que mal há nisso? Se eu não me importo com a roupa que você usa, por que eu devo me vestir como a vitrine manda? Se eu não te julgo pelo seu passado, por que insistem em me tachar pelo que já vivi?

Gente de cara feia insiste em sugar o brilho das pessoas que são queridas, insiste em querer mudar as pessoas porque não aceitam as qualidades do outro. Gente de cara feia não apazigua – inverte. Gente de cara feia não pacifica – intriga. Eu espero que você tenha ao longo do ano poucos dias de cara feia (temos esse direito), mas torço para que em 85% dos dias você simplesmente viva levemente, sem rugas na testa. Preocupação, tristeza, decepção? Todos temos. Mas garanto a você que as boas lembranças lhe fazem muito melhor como pessoa.

Se algum dia você acordar de cara feia, estilo Dr. House ou Alf, o Teimoso... Pare para pensar em como perdemos tempo com as caras feias alheias. Busque aqueles que estão de cara boa, ninguém precisa agüentar o mau humor ou as mágoas alheias mal resolvidas. Se sua cara é boa, quase todo dia, você aumenta suas chances de viver mais e mais feliz. Felicidade atrai felicidade, você é a mesma onda que seu coração emana. Portanto, se alguém ainda duvida, no estilo do conselho do “Filtro Solar, use”, entenda de uma vez por todas que permanecer triste é um erro. Passe pela tristeza, pela mágoa, pela raiva assim como você passa por um quebra-molas. Tenha cuidado, saiba como fazer, mas é preciso passar para continuar adiante.

Essa é das antigas! Mas sempre vale a pena rever essa palhaçada constante!

20/03/2010

Os Eixos

Olhar para um quadro com pintura abstrata e enxergar toda uma vida pode parecer um absurdo. Mas hoje, embarcada numa daquelas enxaquecas, vi minha história nos eixos do quadro que minha tia pintou. Descobri que aquele gráfico imaginário falava muito mais de mim do que eu podia imaginar.

Visualize X e Y, como na matemática que você viu na escola. O eixo vertical representa as vitórias e alegrias. Rumo ao topo, sempre com um propósito claro, apontando para a felicidade prometida. A horizontal representa os pés no chão, ou seja, os grandes tombos. O encontro dos pontos prova uma lei: rumo ao céu, as lutas também são maiores. Portanto, para grandes vitórias, encare grandes derrotas.

A reta ascendente torna evidente o meu destino. Apesar de conseguir grandes resultados, de conquistar grandes batalhas, os sacrifícios serão sempre proporcionais aos meus feitos. Como se nada viesse de graça, como se para tudo eu pagasse um preço dolorido. E não adianta burlar as dívidas: os juros crescem exponencialmente. Toda batalha envolve um risco.

Infelizmente o que ainda não sei lidar é com o medo de arriscar. Determinadas apostas fogem à minha razão e não consigo saber se o lucro será suficiente para cobrir os investimentos feitos. A vida é uma bolsa de valores, especialmente aqueles valores que te moldam para todo o resto da vida. O que você fez no passado é o degrau necessário para a próxima congruência do gráfico, você não pode fugir desse fato. Portanto, apostar é inevitável quando o que se espera da vida é algo grandioso.

17/03/2010

Estigmas


Marcas que nunca desaparecem... Marcas que insistem em nos transformar em estereótipos sociais talvez eternos em nossas paranóias. Quando conheço uma pessoa nova, já penso em toda a minha carga que aquele ser humano ainda não conhece. Penso na preguiça de me abrir de novo, de me expor de novo. Penso no risco de mais uma vez me decepcionar, de mais uma vez confiar em quem mal conheço. Queria mesmo é que os estigmas não se transformassem em contras, mas em prós.

Desde as minhas tatuagens, estigmas escolhidos por mim, até as minhas cicatrizes, sejam externas ou internas. Tudo diz algo sobre quem sou - ou pior: sobre os medos que tenho. No meu queixo, os medos dos tombos da vida. Nos meus cabelos, as perdas irreparáveis. No nariz, a luta constante. Nas pernas, as batidas sem conserto. Na alma, o sentimento de fracasso. Você acaba sendo aquilo que suas cicatrizes registram. Mas grave mesmo é quando nós começamos a nos envergonhar por carregarmos tais estigmas, dos quais é impossível nos livrarmos.

Nestes últimos 9 meses, criei rugas mentais e sentimentais. Envelheci, que neste caso significa perder a vitalidade, e não simplesmente a parte boa de aprender com os erros. Alguns dias minha memória era de peixe, noutros de elefante. Sorte a nossa que não temos uma memória perfeita e que todo dia esquecemos mais um pedacinho do passado. Corremos o risco de perder boas lembranças, mas nos salvamos ao esquecer os momentos ruins e a força da dor provocada. Além do mais, boas lembranças acabam em fotos, em relações duradouras, em cartas, em planos construídos com pessoas amadas. Lembranças ruins nos deixam primeiro arrasados, depois frustrados, ressentidos, vingativos, cansados e, finalmente, aliviados. Os mais evoluídos ainda conseguem sentir compaixão!

Queria eu poder deletar tudo que ainda me lembro e que muitas vezes se liga aos meus estigmas, aqueles que rondam as minhas “nóias”. Mas infelizmente sempre fui conhecida por minha boa memória. Tenho me esforçado para criar novas lembranças, que substituam bits e bytes antigos na minha cabeça. Mas infelizmente ainda me pego numa auto-flagelação em busca dos erros, dos tombos... Sem perceber caio na armadilha de remoer o passado, apesar de saber perfeitamente que isso não leva a nada.

16/03/2010

De elefantes a peixes

Quando eu era criança, tinha um amigo invisível fora dos padrões. Era um elefante cor de rosa, que cabia numa caixa de fósforos e que se sentava no sofá pra assistir televisão comigo. “Cuidado, não sente no rabo dele!” Hoje tenho excelentes amigos, adquiridos há muitos anos ou descobertos há pouco tempo. E continuo com a sensação que queria um pedacinho deles comigo todo dia, na minha caixinha de fósforos... Queria que todos coubessem no meu sofá, especialmente nos dias que esta casa parece um castelo vazio.

No último sábado, trombei de novo com o elefante do zoológico de BH e continuo achando incrível como serenidade e força se confrontam naquela figura. Eu já montei num elefante - não sei se você já viu o mundo daquela altura, sem nem sentir o balanço do mundo. Penso em como os indianos se sentem todo santo dia, convivendo com um ser tão grandioso e ao mesmo tempo tão humilde, um exemplo que deveríamos seguir... Meus pensamentos estão assim, encadeados sem muita lógica...

Do elefante aos peixes do Rio São Francisco... O objetivo na verdade era conhecer “o maior aquário de água doce da América Latina”... Mas como criança que ainda sou, claro, criei uma expectativa do tamanho do céu. Queria me sentir no mar ou no rio, com água no teto. Mas óbvio que encontrei aquários em paredes, peixes prateados típicos de água doce... Queria mesmo era que o mundo fosse cheio de ilhas, que tivéssemos o mar ao nosso alcance todo o tempo... Enfim, acho que decepção mesmo foi de quem soltou a seguinte reclamação: “Uai, cadê o tubarão?” (risos)

Alguns planos engraçados andam rodeando minhas idéias. Se vai dar certo ou não, não sei. Mas não custa tentar me aproximar de um mundo que mora no meu coração... Se houver alguma chance, vou tentar. Se eu puder ficar ao menos na mesma atmosfera, já será um começo. Tentar pode valer a pena. E, quem sabe, qualquer dia desses eu não posto uma mensagem direto de Abrolhos, Noronha, Arraial do Cabo, Austrália, Caribe, da Lua?

Obs: Teca, valeu pela informação sobre o aquário da prefeitura! :)

09/03/2010

Ausência

Olá!

Estou ausente do mundo virtual.
Qualquer recado urgente, não deixe aqui.
Se precisar de mim, me ache de outro jeito.
Não tenho ainda previsão pra retornar.