30/12/2009

Um 2010 Surreal!

Feliz 2010!
Texto legível a seguir...

Tempo é uma referência subjetiva. O Ontem é uma memória às vezes duvidosa. O Hoje é só mais um ponto numa linha infinita de possibilidades. O Amanhã é uma completa incerteza. Não pare para pensar no que não fez - pare para pensar no que conquistou, nos medos que superou, em como mudou, em como você interferiu no desenrolar da linha da vida.

Arrependimentos e decepções são inevitáveis, mas as feridas cicatrizam mais rápido quando não perdemos a esperança. Saber que tudo muda sempre, a todo instante, transforma a incerteza na única constância com a qual podemos contar. Portanto, é hora de seguir em frente, de ir adiante, um passo que seja, mas nunca se lamentando pelo que já passou. Quem é que disse que a vida precisa ser dolorida e dolorosa? Nunca conheci ninguém que vivesse com este propósito. Querer ser feliz é uma questão de sobrevivência!

2009 foi um ano como tantos outros, mas por ser o último que passou, sempre é o ano que "marca". Quando 2010 chegar ao seu fim, 2009 será apenas uma página resumida, um atalho para seu aprendizado. E se você tiver um pouco de sorte, terá o dom de carregar somente um índice de coisas boas e lembranças felizes. Afinal, guardar o que não foi bom não te transformará em uma pessoa melhor... Aquilo que não foi bom nem merece ser lembrado, portanto, esqueça. Não gaste seus pensamentos em vão e não perca seu precioso tempo! Avance!

Que 2010 te receba pronto pra se equilibrar na corda bamba, disposto a se desafiar, aberto a descobertas fora e dentro de si mesmo. Que em 2010 você não seja coadjuvante, mas assuma o papel principal de uma grande aventura. Que 2010 renove sua força e te impulsione, e que sem pestanejar você se supere a cada segundo. Acredite em suas decisões. Que em 2010 você crie, inove, lute por aquilo que você merece. Que em 2010 você sonhe com 2011!

"Você vive aquilo em que acredita e encontra exatamente o que procura."

Reflexões num momento impróprio...

“A verdadeira motivação nasce quando você encontra o seu papel diante da vida”
Carlos Hilsdorf

“Pessoas motivadas fazem sempre mais do que os outros julgam ser o necessário”
César Romão

“Quem não luta para realizar seus sonhos acaba como coadjuvante dos sonhos dos outros”
César Souza

“Ao deitar, pense como será o seu despertar no dia seguinte”
Floriano Serra

“Desmotivação não existe. O que existe é canalização diferente das motivações”
José Luiz Tejon

“A estrada da sua vida é sua e de mais ninguém. É resultado de suas escolhas, experiências, aprendizado e daquilo que você acredita ou não”
Joseraldo Furlan

“O caminho mais curto para o sucesso é sempre tentar mais uma vez”
Omar Souki

“A vida é um processo, e cabe a você transformar todos os obstáculos em oportunidades de crescimento, amadurecimento”
Paulo Angelim

“Simplifique sua vida, busque o equilíbrio entre o pessoal e o profissional”
Paulo Araújo

“Saiba exatamente o que você deseja alcançar e defina uma estratégia para atingir os seus objetivos”
Prof. Gretz

“Se você quer mudanças em sua vida, comece pelo entusiasmo”
Roberto Recinella

“Cada vez mais sobressaem-se pessoas que sabem tornar o ambiente mais agradável à sua volta”
Rosana Braga

“Aprender é incorporar novas habilidades que possibilitem alcançar objetivos que até o momento estavam fora de alcance”
Wilson Mileris

27/12/2009

Agora Só Falta Você

Nada mais providencial do que as palavras de Rita Lee, em vários aspectos!

Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar
Que eu levava estando junto à você
E em tudo o que eu faço
Existe um porquê
Eu sei que eu nasci
Sei que eu nasci pra saber
Pra saber o quê?

E fui andando sem pensar em mudar
E sem ligar pro que me aconteceu
Um belo dia vou lhe telefonar
Pra lhe dizer que aquele sonho cresceu
No ar que eu respiro
Eu sinto prazer
De ser quem eu sou
De estar onde estou

Agora só falta você
Agora só falta você
Agora só falta você
Agora só falta...


http://www.wwf.org.br/
http://www.novoceu.org.br/
http://www.greenpeace.org/brasil/

Dê um futuro para seus filhos...
http://www.youtube.com/watch?v=LMnMC9V88Hw

Ho ho ho ainda em tempo!


“Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel...” Enfim, sobrevivi ao Natal. E mais: ontem ainda deu pra rir muito, com direito a ficar com pés descalços na Praça da Liberdade! Mas só quero mesmo publicar aqui algumas fotos realmente divertidas! Ho ho ho! Felizzzzz Natal!



24/12/2009

Papai Noel é um Avatar!?

Em clima de Natal, me ofereci um momento a sós com o cinema. Encarei o mundo fantástico de Pandora e há tempos não saía do cinema com essa sensação boa que só a transformação nos proporciona. Muitos com certeza irão apenas se preocupar com a experiência em três dimensões, ou com os efeitos e programação visual, ou com as críticas ao destino dos soldados pós-guerra.

Mas aos meus olhos se passaram muitos outros recados. Nem vou entrar no mérito do lado ecológico que o filme possui, não vou sequer comentar o que fazemos com o mundo ou com cada um de nós mesmos para enaltecer uma sociedade tecnológica, capitalista e inquieta. Não preciso falar dos nossos preconceitos, da constante mania de supremacia, de dominação e exploração. Somos os mesmos velhos navegadores que encararam uma Terra plana. No filme, somos ainda os mesmos prepotentes.

O que me encantou em Pandora foi a simples idéia de sermos uma “energia emprestada”. Como é que fiquei tanto tempo sem pensar nessa versão dos fatos da vida? Como pensei este tempo todo que somos únicos e indivisíveis, se até os átomos perderam este crédito? Energia... A conexão entre cada parte do todo se torna evidente em uma sociedade de humanóides azuis, que muito se parecem com quem já fomos um dia. Nos olhos de Neyriti, o mesmo amarelo ouro dos atobás, congelando o nosso pensamento. Eu sabia que já tinha visto aquele olhar! Na pele dos Na´vi, as marcas dos tigres e zebras, com listras que lhe tornam particulares. Somos animais, mas sempre nos esquecemos disso: a velha mania de superioridade. Na incapacidade de Jake, nossa constante fuga da realidade, vivendo mundos que não nos pertencem – mas ainda assim humanos por natureza, claro.

Quando penso naquela Árvore Sagrada dos Na´vi, considerados como selvagens, me lembro perfeitamente de vários conceitos que nos transformaram em quem somos: a árvore bíblica, a árvore do conhecimento, a árvore genealógica, a árvore da vida, as comunidades, as redes sociais. Quanto penso na divindade dos humanóides azuis (esse foi realmente um ano azul - cor do mar), vejo nosso Deus ou qualquer entidade que simbolize a esperança, qualquer que seja a crença, fé, religião. Conectar-se a ele, ouvi-lo e ser ouvido, eis o grande desafio, mesmo sem possuirmos conectores escondidos em nossos fios de cabelo... Essa necessidade de ser ouvido é naturalmente humana, portanto, não caía na tentação de taxar o filme como a história de um outro planeta, de um povo alienígena – os Na´vi são nossos avatares naturais, sem que precisemos do Second Life, do Orkut, do Facebook, do Twitter, do Skype, etc. Você pode ser um analfabeto digital, mas no fundo, é tão azul quanto eles...

Neste Natal, espero que Noel nos encontre bem “azuis” e dispostos a amar tudo que nos cerca. Ser azul vai além – leva-nos a respeitar tudo e todos com quem nos relacionamos. Talvez assim valorizemos as oportunidades que temos nas mãos: um mundo lá fora nos espera e nos oferta continuamente a chance de sermos melhores... Aliás, talvez o Papai Noel seja só outro tipo de avatar, que sem querer escapou pro lado de cá. Quem disse que a Árvore Sagrada não lhe deu o direito se ser apenas a sua melhor versão: um bom velhinho caridoso? Que beleza! (Diria meu amigo Romanelli) Acredite ou não no espírito natalino, o que importa é que não nos percamos na Matrix, uma ilusão que nós mesmos criamos e na qual estamos presos.

Não somos as roupas que vestimos, nem a cor de nossa pele, nem o dinheiro que temos no banco, nem o cargo que ocupamos. Se todos fossem fisicamente iguais, a única coisa que nos tornaria únicos seria de fato aquilo que escondemos em nossos corações. Portanto, olhe todos como se fossem azuis. Dali em diante você encontrará a verdadeira essência e aquilo que nos transforma em seres humanos especiais.

A foto é de 2003, mas o azul é de 2009!

21/12/2009

Matemática da Fotografia

Na TV, “Em Busca da Felicidade”. No sofá, o meu diário anual - exercício contínuo de autoconhecimento. Na mesa, fotos ainda sem legenda, esperando um tempo meu pra me dedicar ao que me resta de memória. Só guardo aquilo que rabisco, este sempre foi meu calcanhar. Ao escrever, eternizo meu passado, meu pensamento, meu desejo. Mas aos olhos do mundo, não estou mesmo me expondo demais, arreganhando meus medos e defeitos?

E daí? Melhor do que fingir sobre quem sou, melhor do que simular o que não sinto, muito melhor ainda do que engolir os sapos sem resmungar sobre cada coaxar preso na minha garganta. Leiam minhas legendas, vejam meus aquários, copiem meus textos, façam parte da minha máquina do tempo. As fotos são minhas, mas quando eu não estiver mais aqui, isso não mais importará. Que vejam e, com um pouco de sorte, tomara que estas fotos algum dia contem as histórias por mim...

Saudosismo antecipado? Acho que vivo disso! Sinto saudade de tanta coisa, de tanta gente, de tantos lugares. Saudade na dose certa é afago em momentos de solidão. Saudade é sinal de que foi bom. E melhor ainda é saudade só de coisa boa, só saudade sem necessariamente ter de volta. Sorte a minha! Afinal, pra completar, tenho um dom único: de não me lembrar dos detalhes dos momentos ruins. Descobri que momento bom é momento com fotografia, eu não me fotografo quando estou triste! Sendo assim, cada foto é um link pra uma boa recordação. Isso explica perfeitamente a minha mania de fotografia... Abra meus armários, conte quantos álbuns tenho. Espie meu computador, tente achar alguma foto triste. Conte nos dedos quantos dias consigo ficar sem uma foto! Sendo assim, são pequenos os intervalos sem algo que merecia ser lembrado.

Aos meus 12 anos ganhei minha primeira máquina, uma velha Yashica. Presente de Natal da minha tia caçula. Mudei minha memória naquele ano de 1994. Grande parte de minhas lembranças agora dependem destas cenas congeladas que simbolizam momentos, etapas, crescimento. Até os 12 anos, eu tinha umas 600 fotos razoáveis, no máximo, por vários motivos que não me cabem contar agora. Não é à toa que vivo rodeada por fotos nas paredes, em porta-retratos digitais ou tradicionais, em proteções de tela que me colocam no túnel do tempo... Revivo em segundos aqueles instantes... Hoje tenho, impressas, quase 6 mil fotos. Se fizer as contas, nestes 15 anos tenho praticamente uma foto para cada dia vivido. Sendo assim, nestes 5475 dias, fui 100% feliz. A matemática não erra, claro!
Nem dá pra duvidar, não é mesmo?

20/12/2009

Sarau Inesperado

Aquela criança que fui está por aí, flutuando no tempo. Hoje ouvi crianças recitando poesias de Adélia Prado e Cecília Meireles. As palavras eram ditas num tipo de teatro sem ritmo, afinal aquelas pessoinhas inocentes não sabiam mesmo do que falavam... Palavras soltas no tempo e espaço, sem contexto pra quem ainda vive um sonho... Quando forem adultas, como hoje são 70% dos meus órgãos, aí sim tomarão conhecimento do peso de suas palavras sobre um leilão de belos jardins ou uma paixão ainda que tardia.

Quando ouvi aquele “oh, linda!”, me transportei pra Bahia e suas possibilidades... Como faço pra voltar no tempo, criar coragem e mudar o rumo? Ou quem sabe assim é que foi melhor? E quem é que disse que ainda não posso surtar e de novo mergulhar em Abrolhos? De fato, só quero estar bem acordada caso “ele escreva outra vez”... Um sentimento dos meus 27 anos, mas sentindo os saltos cardíacos daquela menina de 9 anos ao recitar... Que coisa boa! Mas pra completar o cenário, não é que havia ali alguém que me lembrava aquela feição familiar de um único dia? Como uma pista: “hora de se mover, dê seu jeito”. Estou me movendo, Senhor Destino, estou me movendo. “Small moves, Ellie”, como já sei.

Neurolingüística - Adélia Prado (Do livro: "Oráculos de Maio")

Quando ele me disse
ô linda,
pareces uma rainha,
fui ao cúmice do ápice
mas segurei meu desmaio.
Aos sessenta anos de idade,
vinte de casta viuvez,
quero estar bem acordada,
caso ele fale outra vez.

E de repente a pequena “Ohana”, timidamente em seu traje rosa-fada, recita as doces palavras que me lembram o mundo que quero pra mim: o meu próprio jardim... Que leilão foi esse que trouxe de volta os meus planos e projetos? Como posso ter alcançado 75% de minhas metas pessoais anuais em tão poucos meses, mesmo depois da avalanche? Eis que aqui estou. Não preciso de leilão. Eu corri atrás.

Leilão de Jardim – Cecília Meireles

Quem me compra um jardim com flores?
borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é meu leilão!)

Pequeninas fadinhas... Obrigada por me lembrar que a Adélia também é Prado e que todas as garotas são Cecílias por natureza!

18/12/2009

De Carne e Osso

Não foi uma semana fácil... Apesar de todas as conquistas, dos abraços no domingo pra me dar energia extra, dos amigos sempre presentes. Não foi fácil. Muitas decisões importantes, muitas situações me fazendo perder a serenidade. O resultado? Hoje estou esgotada. Tudo parece estar com uma solução pendente, esperando algum dia da semana que vem, esperando algum desfecho misterioso que sozinho faça tudo por mim.

Eis a preguiça! Nosso eterno calcanhar de Aquiles... Não sou de ferro, mas hoje preciso mesmo dormir cedo, talvez me esgotar pedalando, cansar o corpo pra que fique alinhado com minhas idéias... Assim amanhã talvez eu acorde normal, pois definitivamente, essa pessoa “cansada” não sou eu.

Só queria escrever pra reunir de novo tudo de bom que tenho em minhas mãos, enxergando as possibilidades que aos poucos se abriram pra mim depois da tempestade do meio do ano. E não posso deixar de dizer: que sorte a minha! Não é o velho estilo “Poliana e Jogo do Contente”, mas sim uma constatação. As coisas poderiam estar muito mais complicadas hoje, mesmo sem que isso fosse fruto das minhas ações. No entanto, estou seguindo sozinha, vendo de longe o desenrolar dos fatos... Aquelas nuvens negras e carregadas não serão minhas e 2010 será um ano novo. Um ano que já nasce repleto de planos, desafios, mudanças, amadurecimento.

Apesar de exausta, lá no meu fundinho obscuro sei bem que preciso segurar com todas as forças as rédeas da minha vida. Essa gotinha de esperança se renova, felizmente. Só queria que todos os meus amigos conseguissem pensar assim: cada dia é um dia, nada impede que amanhã seja melhor, ou pelo menos nem tão ruim. Tudo passa, como disse Míriam, sabiamente em meados de junho. Tudo se transforma, como já dizia a lei da física. Continue a nadar, como diria a Dori ao pai do Nemo. Só preciso continuar remando. E se eu remar com firmes propósitos, tudo passará pelo caminho que eu traçar.

Cumuruxatiba - Bahia - 2009

14/12/2009

Lúpus... Um depoimento.

Segundo Dr. Gregory House, "it´s not lupus"!

Dez anos atrás meu mundo estava turvo. Em meio aos vestibulares e paixonites mal resolvidas, surgia o lúpus. Não entenda essas palavras como tristes, mas sim absorvidas. Dez anos atrás, eu mudei, minha vida mudou, mudaram meu rumo sem que houvesse uma escolha naturalmente minha. Dez anos atrás eu vivia o início de um tratamento que causava medo aos meus 17 anos... Aquele seria meu destino? Não tive medo, mas me senti muito triste. Triste como poucas vezes me senti nessa vida, ainda tão insignificante diante de tantas possibilidades que ainda existem.

Sei como isso causou medo a quem me amava, aos meus amigos e familiares, especialmente à minha mãe. Só eu sei como era difícil olhar no espelho e não me encontrar. Só eu sei como era estranho pensar que o sol se transformara em inimigo, que agora eu viveria sob constante controle... À medida que a borboleta se manifestava no meu rosto, quando o cabelo se perdia por aí, ao ver meus olhos tristes nas fotografias... Quem era aquela pessoa, que eu não reconhecia? Aqueles olhos fundos da “Carolina” de Chico Buarque, num ano difícil, vivendo um amor impossível... O mundo havia mudado porque eu não era mais a mesma.

Dez anos atrás uma revolução foi iniciada. Sem volta. Não pense que escrevo essas palavras com tristeza, muito menos com pena de mim mesma. O “meu” lúpus era pouco perto de tantas outras coisas que vi na vida, seja na minha ou na de outras pessoas. Era um inimigo quase invisível. Irônico é pensar que o lúpus é um “auto-ataque”, ou seja, nada mais coerente com quem “eu era”: uma jovem esfarrapada e com medo de viver, como medo do que eu parecia aos olhos das outras pessoas. Fui escolhida. O lúpus é genético, mas se manifesta em casos específicos. Talvez algum dia eu mesma tenha escolhido enfrentar tudo isso, bem lá no fundo, como um grande teste. E quando olho pra trás, afirmo: enfrentei. Se em algum momento me desesperei, jamais deixei de correr atrás de melhores condições de vida. Se em algum momento eu perdi a esperança, logo a reencontrei. Se algum dia me senti horrível, tomei uma atitude: em minha casa não haveriam espelhos e relógios. O tempo voltaria a ser meu e minha face seria apenas um detalhe no que estava por vir.

Há muito tempo eu não falava sobre isso, pensando em como foi difícil no começo. Há muito tempo não penso como estou bem agora, como consegui superar alguns momentos de fraqueza. E se paro ainda pra pensar em quais foram os momentos que mudaram a minha vida, um deles com certeza foi a descoberta do lúpus, pois se sou quem sou hoje, devo uma parte considerável às lições que o lúpus me trouxe. Talvez o lúpus tenha me mostrado o que realmente era importante, ou como eu era bonita e não dava valor, ou como o mar era importante na minha história, ou como a vida era curta e frágil. Descobri que não podia desperdiçar o meu tempo e que eu deveria tentar, arriscar, errar, viver. As limitações eram ilusórias quando a vida ganhava um novo horizonte.

Eis o ponto de mudança do meu vento. Lúpus cutâneo sub-agudo e discóide. Não precisei me embebedar na adolescência pra me divertir. Não precisei provar nenhuma droga pra testar os meus limites (já me bastavam as drogas autorizadas pelo médico). Não precisei vadiar pra saber que até nos estudos eu podia me divertir. Não precisei chutar o balde como se fosse o fim de tudo. Dez anos atrás optei por curtir, sem precisar conhecer o fundo do poço para dar valor ao que eu tinha. Mesmo com a saúde fragilizada, vivi intensamente e ainda vivo. Aliás, vivo cada vez mais, com mais vontade, pois a única certeza que ainda me resta é de que estou correndo contra o tempo. Todos estamos!

Qual o motivo pra eu relembrar tudo isso agora? Talvez porque eu ainda não tenha 100% da minha saúde de volta, mas isso em nada tem me impedido de viver. Talvez porque eu não viva o suficiente pra ver a cura do lúpus, especialmente para quem sofre com a versão sistêmica... A questão é que depois do lúpus, escolhi novos rumos sem desistir de ir adiante, mesmo sabendo que podia ser difícil. Não foi fácil encarar a faculdade com grandes bochechas, não foi fácil lidar com a minha auto-estima flagelada, não foi fácil suportar tantos medicamentos e enxaquecas. Mas e daí? Estou aqui. Mais viva do que nunca.

O sol? Estive em Fernando de Noronha e Abrolhos. Mergulhei em vários mares... Conheci Chichen Itzá, abracei um tubarão, beijei um golfinho. Vivi vários amores, me decepcionei com alguns outros. Curti festas, músicas, aventuras e desafios! Fiz rafting, pulei de tirolesa, quase me afoguei num coral em Maraú. Naveguei, andei, dancei. Completei a faculdade, a pós-graduação, escrevi artigos e um deles foi apresentado na França. Sou uma profissional realizada, mesmo não estando no mar. Vim de uma família de guerreiras, não poderia ser diferente... Tenho muitos amigos, em todos os cantos do mundo, seguindo seus destinos. Encontrei minha irmã caçula na Internet, converso com um irmão que nunca vi de perto. Escrevo todos os dias em meu diário e tenho vício em fotos, contradizendo aquela pessoa que tinha medo de espelhos... As fotos são espelhos fixos! Coloquei a Corrente do Bem pra funcionar, consegui carregar meus amigos pra essa idéia maluca. Mudei meu mundo, mesmo que sejam poucos metros quadrados. Aquela borboleta vermelha do meu rosto agora bate as asas em minha alma, pois nada conseguirá me deter. Nada e nem ninguém. Isso sim é fé. Se não tenho cicatrizes no rosto é porque não deixei a tristeza me marcar. A vitória sempre me esperou.

Para saber mais: http://www.lupusonline.com.br/

Eis o significado da minha camiseta nos dias da Corrente do Bem...

13/12/2009

Mercado do Abraço - Mais uma conquista!

Sua foto não está aqui? Mande um e-mail para anacarolinagprado@hotmail.com!
Dê pistas da sua roupa e mandamos a foto de volta!






Aos meus amigos queridos e aos novos participantes da Corrente do Bem...

Muuuuuuuuuuuuito obrigada!

Vocês são fundamentais!

Um chapéu...

Que todos um dia possam usar um chapéu compatível com suas idéias...
Amanhã tem Corrente do Bem.


11/12/2009

Corrente do Bem em ação!

Pessoal,
Recado para os confirmados e semi-confirmados!
Além de alguns que eu ainda estou insistindo rsss...

Mercado do Abraço

Data: 13/12/2009
Onde: Mercado Central
Ponto de encontro: Entrada da Augusto de Lima
Horário: 8:30
O que levar: Seu apetrecho divertido!
Figurino: Roupas coloridas e tênis no pé!
Um jeito novo de distribuir paz!

09/12/2009

Gula é pecado?

“Tem dias que eu fico pensando na vida, e sinceramente não vejo saída... Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão, só sei que ela está com a razão...” Hoje acordei com as idéias atacadas, com mil planos malucos, com definições meio absurdas e vontades quase incontroláveis. Estou ansiosa, como se daqui a 15 dias eu não estivesse mais aqui, como se o mundo fosse acabar, então “o que você faria, se só restasse esse dia?”

Gula. Como se cada dia fosse o último, sem perder completamente o juízo. Talvez seja só a vontade de viver batendo forte outra vez. Talvez seja eu me libertando das cordas cheias de mofo que me sufocaram nos últimos meses. É uma sensação boa, de ser dona do meu nariz, de poder plantar qualquer sonho e de ter coragem pra correr atrás do que me faz feliz. É como decidir na hora do almoço que vou a Buenos Aires no ano que vem, ou que vou me mudar pra uma casa nova em poucos dias. É como olhar pro mapa da Europa e traçar milhares de roteiros em segundos, como percorrer os corais australianos em um flash. Estar livre, especialmente livre dos medos, das mágoas e das frustrações.

O que um dia me doeu forte, agora é só um sopro. E um dia, em breve, será apenas uma vaga lembrança, aprendizado puro, compaixão de gente evoluída. Não quero e nem gosto de me prender a sentimentos ruins. Acordar elétrica hoje foi como me tirar do carregador da bateria: full. Completamente a postos pra mil imagens, mil memórias, mil coisas que não posso sequer prever. Onde você quer estar daqui a um, cinco ou vinte anos? Continuo não fazendo a menor idéia, mas faço apenas questão de estar feliz.

Abrolhos - 2009
Saudades do Paraíso!

08/12/2009

Destino?

Como os fatos se encaixam na linha do tempo? Como as pessoas se encontram em momentos imprevisíveis e constantemente se abandonam em outros instantes? A vida se encaixa e desaba, o tempo todo, em ciclos. Como as estações do ano, nada é pra sempre, mesmo que seja bom. O lado bom é que tudo que dói também passa. E quando passa, nos abrimos aos novos ciclos, muitas vezes quase idênticos, outras vezes totalmente diferentes.

As calçadas por onde andei, em outros tempos foram cenários de outras vidas e por uma questão simples, a relatividade, estaríamos no mesmo lugar se fosse possível dobrar o tempo. Ou ainda será possível? Naquelas igrejas, um mundo se apresentou em paredes de ouro, até que um dia a decadência transformou o gesso puro em arte numa igreja branca. Aquele relógio do sol é o mesmo, até hoje, há anos. Aquela imagem que eu congelei já foi eternizada por outras tantas pessoas, que agora se conectam a mim pelo simples fato de terem passado por lugares que nos são comuns.

Há muitos anos escrevi sobre Tiradentes, mas só agora, uns 8 anos depois, finalmente conheci sua terra, parte de sua história, trechos de sua memória. Lugares que olhei também sentiram os olhos de tantos outros personagens “alimentados” por nossa história... E quantos personagens não passaram por ali despercebidos, porém não menos importantes nessa conexão atemporal? O lugar onde estou já foi parte da vida de alguém.

Respeitando esse passado e também as possibilidades infinitas do futuro, vale a pena entender o papel do “agora” na construção de um destino que é compartilhado por todos em trilhas invisíveis. A boa e velha teoria do caos, predizendo os efeitos de cada ação em cada ponto do mundo, transformando tsunamis em mensagens, terremotos em aprendizado, enchentes em compaixão. Destino é continuar adiante, mesmo que de vez em quando você não se sinta dono de sua própria vida.



03/12/2009

Tempo Congelado

Congele-se. Pare agora e pense: nesta órbita maluca que é a vida, você está realmente no lugar certo? Congelar o tempo para se encontrar, se enquadrar no cenário, se transformar em estátua para visualizar a si mesmo. Conhece-te a ti mesmo, já disse "o cara". Ou devoro-te, dizia "o enigma". Assim como o dono do tempo dos maias, conseguir carregar o momento, transformar ação em fotografia, movimento em memória. A vida evapora a cada segundo, não perca o seu tempo com um cenário que não é seu. Mova-se.

30/11/2009

O Futuro num Segundo


Hoje uma pessoa muito querida, e que conheci recentemente, me disse que tem medo do futuro. Pois eu tenho medo é de viver com uma saudade constante do passado. O futuro pode ser tudo que sonharmos, tudo que desejarmos. Não há o que temer de algo que ainda não aconteceu e que tem infinitas possibilidades... O futuro é uma exponencial! Tenho medo é do passado que não posso mudar, daquilo que não posso consertar. Quanto ao futuro? Que venha, sem correr!

No futuro, posso ser quem eu quiser. No futuro, posso fazer tudo. Sem esquecer que o futuro é conseqüência direta deste “agora” – o que plantamos, colhemos. Todos os dias eu me pergunto: até que ponto também não estou errando, quando é que serei cobrada por minhas más ações ou recompensada pelos meus bons feitos? O que plantei hoje, assegura o meu amanhã? Se consigo uma resposta positiva, sinto alívio. O “amanhã” já me conforta. Sem crime, sem castigo.

Ao meu “amigo” que está a quilômetros de distância, só tenho um recado: não desperdice seu medo com aquilo que não conhece. Se somos obrigados a esperar, que seja o verbo esperar que nos remete à “esperança”. Se não podemos prever o futuro, que façamos planos sempre revolucionários, otimistas, felizes! De nada adianta especular cenários que provavelmente nos surpreenderão. E quando esse futuro de repente virar agora e no outro segundo virar ontem, você descobrirá que ficou preso a um relógio que foi inventado pelo homem, e não pelo próprio tempo.

29/11/2009

Mistérios em Galápagos

Acordei pensando no meu velho sonho de ser oceanógrafa. A vida me levou a rumos diferentes, mas qualquer mínima oportunidade de viver este velho sonho sempre é muito bem aproveitada. Hoje liguei a TV e pela segunda vez na mesma semana me deparei com Galápagos, um dos meus sonhos como “bióloga frustrada”. Contando ainda com uma ponta de arqueóloga, astrônoma e fotógrafa, claro.

Amo flores amarelas: ipês e girassóis, principalmente. Em Galápagos, a única espécie de abelha que habita as ilhas busca somente flores amarelas, ou seja, qualquer outra flor que não seja amarela já está oficialmente prejudicada na onda da evolução e da permanência das espécies, dependendo de outros animais que façam a “caridade” de espalhar seu pólen. Misteriosamente as abelhas selecionam as flores amarelas, assim como eu faço.

Em Galápagos, uma espécie de pássaros predomina: os tentilhões. Porém, são 3 tipos diferenciados pelos bicos, ajustados às suas funções numa cadeia alimentar perfeita. Cada bico, um alimento. Cada ilha, uma adaptação exclusiva. Fragatas mostram seu papo vermelho nos rituais de acasalamento e curiosamente o macho têm um enorme cuidado com sua fêmea por causa da concorrência. Obs: Ah, se os homens fossem assim!

Galápagos surgiu de grandes erupções vulcânicas e nas fendas criadas em suas rochas, os petréis fazem seus ninhos, mesmo que ainda assim as corujas encontrem e devorem seus ovos. Outros pássaros fazem seus ninhos em cactos, protegendo-se com ajuda dos espinhos. Foi assim que Darwin chegou à conclusão de que aquele território inóspito era na verdade o Jardim do Éden, um paraíso transformando vidas.

Os cachalotes, chamados de “leviatãs dos mares” durante as grandes navegações, hoje estão protegidos e mergulham a cerca de 900 metros em busca de alimento: lulas. De grandes monstros a grandes preciosidades, hoje protegidas e que me deixam particularmente encantada... Ainda bem que o mar é bem grande! Se uma jubarte é quase 2/3 de um avião, imaginem só um cachalote como Mobby Dick?

O navio de Darwin partiu em 20/10/1835, mas ele nunca mais retornou ao lugar que inspirou “A Origem das Espécies”. Você conhece a origem do nome “Galápagos”? Algumas tartarugas gigantes, também adaptadas a cada ilha deste arquipélago, apresentavam uma curvatura em seus cascos que permitia o alongamento do pescoço até os alimentos mais altos, no formato de uma cela. “Galápago” é “cela espanhola”. Essas grandes tartarugas dominavam as ilhas na época de sua exploração e por este motivo o arquipélago ganhou o nome do “animal nativo” que alimentou as tripulações durantes anos e anos de viagens e aventuras. Hoje as tartarugas gigantes estão protegidas e perpetuam as teorias de Darwin.

E o que isso tem a ver comigo? Tudo. Os meus sonhos mais remotos habitam lugares como Galápagos. Outros dois lugares almejados durante toda a minha infância eu já alcancei: Fernando de Noronha e Abrolhos. Não é que eu tenha menos a falar sobre eles, pelo contrário. Mas é que hoje senti saudade do meu futuro, e não do meu passado. E tenho certeza de que em algum momento do meu futuro estarão as ilhas de Galápagos, mesmo que isso ainda leve alguns anos. Estarei lá.

Fernando de Noronha - 2005

Fernando de Noronha - 2005

Abrolhos - 2009
Abrolhos - 2009

Esses olhos amarelos e vibrantes alcançam nossos pensamentos mais secretos...

O mundo é pequeno pra mim...

Dentro de Casa:
Fernando de Noronha – OK em 2005
Abrolhos – OK em 2009
Ouro Preto – OK em 2008
Rio de Janeiro – OK em 2008 (mas merece uma segunda viagem)
Guarda do Embaú
Ilha Grande
Ilhabela
Arraial do Cabo
Salvador (Carnaval)

Territórios Distantes:
Ilha de Páscoa
Machu Picchu
Galápagos
Cartagena de las Índias
Patagônia
Buenos Aires
Chichen Itza – OK em 2008
Cancun – OK em 2008
Cozumel (infelizmente em 2008 não deu)
Ilhas Maldivas
Polinésia Francesa
África do Sul (incluindo safári)
China (especialmente a Grande Muralha)
Cocos Kelling (Austrália)
Capadócia (Turquia)
Espanha (no geral)
Egito
Paris
Londres

Minha Teoria da Relatividade: quanto maior o tempo viajando, mais o tempo passa devagar. Preciso correr contra o tempo...

Fernando de Noronha - 2005

28/11/2009

Trilha Sonora da Corrente do Bem

A Corrente do Bem contaminou algumas pessoas. Fico feliz por isso!

Recado do Jonas Augusto (o doador do mapa): "Meninas, pensando na missão da paz que vocês estão propondo ao mundo, escrevi uma música ontem e doei para um banda muito conhecida em Betim e em alguns estados - CLARO ENIGMA, (...) a música estará lá no segundo CD e dedico para vocês, em 1ª mão, o primeiro esboço (...).É uma forma de ajudar essa corrente, pois a música é um meio de comunicação fantástico."

Hino da Paz

Pelas ruas e com a lua, ela vai sem direção.
Sua calça está rasgada e seus cabelos arrastam no chão.
Ninguém sabe exatamente o que aconteceu,
Ana Luiza se perdeu!

O mundo inteiro está parado,
Assistindo a própria morte, velada pelo tempo.

As crianças não ensinam mais,
pois o abraço ficou perdido nas lembranças,
mas a musicalidade da vida não se encerrrou...
Apenas esquecemos o refrão!

Viver é manter a luz nos olhos, é abraçar.
É acima de tudo caminhar em direção a Paz.

Refrão:
Seu abraço é o calor que me aquece,
Vamos fazer uma corrente pra ninguém morrer de frio.


Obrigada, Jonas!

25/11/2009

Por onde andas, Carolina?

Trombei hoje com a Carolina de Casimiro de Abreu. Uma Carolina que hoje não sou, mas que eu talvez já tenha sido um dia. Tudo que vem me mudando, ou que ainda me modificará, me afasta daquela Carolina de Casimiro. Uma Carolina que fui aos 17 anos, apaixonada por ipês amarelos, lutando contra o lobo da estepe que insistia em me desesperançar e acreditando em mares azuis de Jacques Cousteau. Hermann Hesse saberia bem do que estou falando...

De Aldous Huxley a Richard Bach, não sou parâmetro no quesito leitura. Huxley só me deixou com mais dúvidas sobre aquele destino pré-determinado que me incomoda... Bach me reporta ao Fernão Capelo Gaivota que sempre vai morar em mim. Carl Sagan soube me dizer o que eu pensava sobre fé sem me conhecer e sem prever as estrelas que eu teria no pulso. Até mesmo me enxergar por um fio nas palavras de Dráuzio Varella. Cada momento, uma leitura. Desde os livros no topo da lista aos livros desconhecidos, a questão era como chegavam a mim...

Assim como a Carolina de Casimiro, tomei o ônibus rumo a uma grande mudança. A outra Carolina estava lá graças ao projeto “A Tela e o Texto” dos alunos da UFMG. Encontros como aqueles ocasionados por tantas vezes que escrevi para a Editora da Tribo, jeito pelo qual conheci pessoas que me liam, ocasionalmente ou sem querer. Ou quando conheci o grande amigo, Nilson, quando meu texto se espalhou num e-mail falando sobre Tiradentes. A verdade é que meu restrito público sempre foi composto por meus amigos, aos quais eu insistia em encaminhar meus textos e que hoje são os eleitos para receber as postagens automáticas desde jovem blog.

Como esses escritores que mudaram gerações me enxergariam hoje? Casimiro diria que sou uma impura, perdida, sem virtudes? Hermann diria que sou apenas o lobo se manifestando, ainda me sentindo só na multidão e perdida num tempo de loucos? Richard diria que estou apenas descobrindo minhas asas, desfiladeiros e raios de sol. Huxley certamente me tacharia como produto de uma sociedade com padrões formatados, convenções capitalistas, auto-imagens desvalorizadas e aparências mistificadas: uma boneca de luxo? Dráuzio diria: “Sua vida está por um fio todo dia, minha cara”. E agora? Resta-me a Carolina, de Chico Buarque: “Nos teus olhos fundos, guarda tanta dor, a dor de todo esse mundo”. Ou a versão do Seu Jorge: “Carolina é uma menina bem difícil de esquecer”.

Modéstia à parte, não sou mesmo uma pessoa comum. Quero mesmo testar se tudo que fiz e fui pode ser esquecido assim, frivolamente... Não falo de grandes feitos, nem de revoluções. Falo de momentos simples, porém únicos e irrecuperáveis. Sei que mudei as pessoas com quem convivi, sei que mudo quem eu amo, sem sequer notar isso. Não faço por mal, faço por vontade de levar estas pessoas ao mundo que eu acredito... É por este motivo que acho que permaneço, mesmo quando parto. Sinto muito se a saudade um dia se confundirá com arrependimento para alguns.

Carol Capelo Gaivota - México - 2008

24/11/2009

Alforria


Libertar-se, todos os dias. Daquilo que te prende, daquilo que te possui, daquilo que você não admira mais. Daqueles que te decepcionaram, daqueles que te esqueceram, daqueles que você precisa esquecer. Dos lugares que você tem medo, dos pesadelos que já te assombraram, dos pensamentos pessimistas.

O Amanhã sempre é um mundo novo... Se nos prendemos ao passado, não nos permitimos conhecer a mudança... E mudar é preciso. Mesmo que a mudança não seja motivada por nossa própria vontade, mudar é fundamental. Eu desejei isso em 2008. Mudei muito, confiei muito. Não me arrependo, segui meu coração. Se eu faria de novo? Provavelmente, sim. Um amigo meu definiu exatamente como sou: “Você prefere tentar”. Sem que eu planejasse, estou mudando de novo, mas já é 2009.

Estou tentando me concentrar para escrever e não consigo. Só me resta essa palavra - “alforria”... É só o que espero: liberdade pra retomar de onde parei, começar de novo, errar menos, me enganar menos, amadurecer... Talvez endurecer... Enfim, amanhã meu nome volta a terminar em Prado, como sempre deveria ter sido. Quem dera meu nome terminasse em Abrolhos...

23/11/2009

O Jogo da Vida



Bons ventos anunciam mudanças. Recomeçar, mais uma vez. Um toque de saudosismo das lutas já vencidas, preparando meu espírito para essa nova passagem. Assim como enfrentei com coragem e me dediquei, é hora de fechar um ciclo. Restará sempre o aprendizado, mesmo que isso me mude como pessoa.

O que importa é ir adiante, mais uma vez. Afinal, não é a primeira vez. Uma combinação misteriosa de eventos permitiu que um único momento me fizesse estar aqui. Nasci. Vivi um zilhão de momentos só meus, muitos que nem lembro, outros que guardei em rabiscos e fotos. Consertei erros que não eram meus, cheguei aos meus irmãos. E daí? Quando tudo podia ter dado errado, não é que acabou dando certo?

Aqui estou. Encucada com a forma que o destino joga com nossos caminhos: quem fez a camiseta do House também é um associado Free Hug em Brasília. Como pessoas que nunca se viram ou que jamais se conhecerão podem ter tanto em comum? Como posso ser um pouco de cada um dos meus irmãos, mesmo não sendo criados juntos? Que DNA pode ser tão poderoso assim? Ou é mesmo só uma artimanha do nosso destino? De novo, não consigo acreditar que tudo está tão traçado. Afinal, onde foi parar o livre arbítrio quando parece que todos os caminhos vão desaguar numa única resposta?

Sou uma rebelde sem causa como Marina Maria, desafiando as teorias da comunicação? Sou viajante sem rumo e curiosa como Guilherme Augusto. Sou livre como Mariana, de mecha colorida no cabelo, sonhos nas idéias, saúde frágil, mas propósitos firmes: o mundo. Como podemos ter tanto em comum depois de anos separados por experiências completamente diferentes? Porque ser o reflexo daquelas que me criaram, é óbvio. Mas de onde vem essa "condição" que me puxa para uma semelhança não planejada?

É assim que tudo me parece: um tabuleiro. Como se todos passássemos pelo mesmo caminho, porém caindo em casas diferentes de acordo com a sorte dos dados. Quem sacode os números dos passos somos nós... E quem disse que não temos mesmo um poder oculto de escolhermos as casas em que vamos parar? Esse é o jogo da vida, assim como aquele que tanto joguei na infância.

Contagem Regressiva

Calendário Maia


Eu não podia deixar de ir ao cinema e espiar "2012", no mínimo pela citação da profecia maia, mas também pelo fato de sempre questionar essas profecias do fim do mundo. Desde sempre, ouvi resumos do Apocalipse, segundo a bíblia. Desde os 11 anos, eu ouvi falar de Nostradamus. Desde os 17, entendi que somos finitos. Mas ainda não sei quando o mundo vai acabar, sobrevivemos ao ano 2000 e continuo seguindo, apesar dos contratempos biológicos. Mas somos finitos...

Finitos desde o primeiro segundo de nossas vidas. Não é uma seqüência de desastres da natureza que me dizem isso, como no roteiro de "2012". Não é a chuva de neutrinos solares que aquece a água no meu corpo, nem desloca as placas tectônicas do meu mundo. É a fragilidade da humanidade que assistimos nos cinemas, nos jornais, na internet. Mas a fragilidade particular é o grande desafio, é a luta constante contra a mortalidade premeditada.

Se temos tão pouco tempo, por que insistimos em perder esse precioso tempo? Se não sabemos quanto tempo tempos, por que nos iludimos com planos a longo prazo? Como podemos viver melhor cada segundo que se passa, já que também é um segundo que se perde? Devo parar de dormir, pra poder viver o mundo que me cerca até o meu limite? Devo viver o dia de hoje como se não houvesse amanhã, como diz a música? Quais são as conseqüências desse medo da finitude?

Vivemos numa contagem regressiva e não só os maias, mas muitos outros povos, civilizações, pensadores, religiosos, etc, já nos transmitiram essa mensagem. Mas os maias e todos os demais não se deixaram vencer mesmo acreditando num fim. Vi resquícios dos maias (astecas também) e posso dizer que apesar de suas previsões pessimistas, eles nunca deixaram de acreditar numa serpente emplumada que os protegeria do desconhecido, nunca deixaram de construir suas grandiosas obras saudando o sol, sempre comemoraram os solstícios em rituais que ainda hoje mexem com a imaginação humana. Os maias, você e eu somos feitos de uma finitude comum, assim como todos estamos fadados a um sentimento comum: a esperança. Portanto, por mais que a vida seja uma contagem regressiva inegável, continua valendo a pena.



El Castilo em Chichen Itza - México - 2008

18/11/2009

Desistir, nunca! Render-se, jamais!

Ponta do Corumbau - Bahia - 2009
A vida é uma constante múltipla escolha. Você pode parar e esperar que tudo ao seu redor tome direções enquanto você se mantém estático. Você pode acompanhar o ritmo, como numa dança, sendo o espelho de quem comanda a coreografia. Você pode ser o ponto do cataclisma, mover mares e montanhas, desejar coisas impossíveis hoje e possíveis amanhã. O que difere uma opção da outra?

Você e sua persistência. Você e sua esperança. Você e sua própria vontade. Mas o que difere o seu papel nessas circunstâncias, atuando como agente ou vítima, é a sua posição diante da vida. Se você acha que ser paciente é uma virtude, eu tenho lá as minhas dúvidas. Paciência sorrateiramente se transforma em comodismo. Estátuas não sobrevivem ao tempo, não moldam seu futuro e se desgatam a cada intempérie... Estátua só tem valor quando o artista morre. Não é assim que nós pensamos?

A cada dia me esforço pra fazer o mundo do meu jeito. Muitos me acham meio maluca, muitos criticam o meu jeito de me divertir com tudo e todos, inclusive no trabalho. Outros tantos pensam que sou uma inconsequente, enquanto para outros sou uma boa vivã. De qualquer forma, esta imagem é algo que venho recuperando dentro de mim, que talvez estivesse adormecida por um tempo. Será que eu mudei tanto assim? Será que me perdi nesse caminho que percorri? Será que deixei de ser eu mesma para viver uma coisa que, agora, não faz mais sentido?

Talvez. Assim como no meu velho texto: "um brinde ao talvez". O que importa é remar, mesmo que a maré continue contra. Mas pensando bem, será que a maré está mesmo tão contra assim? Pense. Será que muita coisa não podia ser diferente e desgastante? Que o sofrimento não seria prolongado e desnecessário? Levar um choque não é melhor do que ser envenenado em gotas? Afinal, todo coração que encerra uma grande tristeza, também abre espaço para uma grande alegria...

Há tempos aprendi que cada minuto importa, mesmo que seja difícil. Não acho que temos que engolir tudo que um tal "destino" nos impõe, já disse que não concordo muito com essa idéia de estarmos predestinados a algum tipo de missão. Mas aprender a passar por certos momentos, esse sim é o grande desafio. Adoeça, mas se cure. Chore, mas enxugue. Esqueça, mas relembre. Se for derrotado, levante-se. Se for magoado, desconsidere. Se quiser ser feliz, olhe para a frente. Só se vive o segundo a seguir, nada mais.

16/11/2009

O Caos em cada Coração...


Sempre tentei compreender o destino olhando pelo foco da "Teoria do Caos", que me parece tão palpável. Sempre achei que os fatos e atos se encaixam num plano obscuro, que não podemos tocar, por mais que nos esforcemos. Sempre tentei me perdoar também pensando que certas coisas fogem ao meu controle.

Mas mesmo assim, em linhas paralelas de um mundo cheio de perpendiculares, ainda insisto em moldar a vida de acordo com o que meu coração espera dela. Não dominar os meus rumos ou sentimentos é como cortar as minhas asas, mesmo que eu as esconda uma vez ou outra.

Mas, neste domingo, senti que a borboleta na China derrubou um imenso dominó em pé, permitindo que o vento chegasse até essa manhã tão especial de 15 de novembro de 2009... Em Belo Horizonte, um ponto distante da Lua, da China e de Abrolhos. Meus grandes amigos estavam lá comigo, vivenciando um movimento de doação, entrega e diversão, fazendo parte de uma corrente que em algum lugar do mundo surtirá um efeito especial, permitindo que a paz invada outras casas...

A Corrente do Bem surgiu em algumas idéias de 2007, mas ficou engavetada por muito tempo. A princípio era pra ser a "Moeda do Bem", idéia que ainda não foi completamente abandonada... Cada pessoa deveria receber três moedas e fazer três boas ações. As moedas receberiam código e cada um registraria uma boa ação num site ou algo assim... E desta forma mapearíamos as pessoas do bem, que mantiveram essa corrente. Quem recebesse uma moeda, também deveria repassar três boas ações e assim multiplicaríamos a ação infinitamente...

Quanto à Feira do Abraço... essa idéia maluca... Já existem "Free Hugs" por aí, mas a motivação foi quando vi um menino pela janela do ônibus segurando uma placa de abraço grátis numa rua do centro de BH. Eu queria descer e ir lá! As pessoas mal paravam! E um dia minha amiga Angélica disse que também não teve coragem de abraçar um moço como aquele, ofertando abraços aos desconhecidos. E assim surgiu a minha indignação. Afinal, quantas pessoas boas também não se sentiam "envergonhadas" por expressarem carinho a um próximo desconhecido? O mundo precisa se abrir para a gentileza... E gentileza gera gentileza! Portanto, contaminem-se!

Espero que essa idéia não fique restrita a mim e aos meus amigos malucos que topam borrar a cara no meio da rua. Que essa idéia invada cada canto do mundo, que não se lembrem dessa Corrente como uma idéia particular, mas sim como um estilo de vida. Divirtam-se! Abraçar faz bem ao coração! Deixem essa bagunça invadir sua alma! Instaurem o caos em nome da paz!

15/11/2009

O Bem em cada Abraço

As imagens resumem a Corrente do Bem neste 15/11/2009...

Agradecemos a todos que nos receberam com tanto carinho!
Agradecemos a cada abraço, carregado de boas energias!
Agradecemos pela oportunidade de espalhar alegria e carinho!
Agradeço especialmente aos meus amigos loucos que toparam essa maluquice toda!




Em busca de um mundo melhor!

Obrigada a todos por estes momentos únicos em nossas vidas!


12/11/2009

Dejavu aos 27, mas eu tinha 21!


Há sete anos rabisquei palavras que hoje descrevem perfeitamente o meu "status emocional": em recuperação. Se eu escrevesse de novo, jamais seria tão exato...

Sobre como me sinto hoje...
Data: 16/08/2002


Sei que há muito não dou a minha cara a tapa nessas páginas que ainda nem mesmo foram impressas. Não as tenho ao meu alcance em todos os momentos em que tenho vontade de despejar sobre elas as minhas lamúrias e conquistas. Não, e nem queria que assim fosse, pois não faria muito sentido passar todo o tempo analisando tudo e quase todos.

Hoje estou aqui para provar que não sou a ingrata que abandona o ombro amigo que me confortou durante a crise. Não sou aquela a quem essa página deu de comer e beber e que agora negaria um pedaço do meu panetone a quem tem fome. Sou a mesma, independente de como eu pareça aos meus olhos perfeccionistas.

Ninguém é perfeito, e isso me parece a chave de grande parte dos meus medos... Mas aos poucos meus miolos moles aprendem e apreendem essa realidade de que não posso controlar tudo e que também erro, que também falho, que todos falhamos e que isso não nos torna pessoas más, ou piores, ou injustas, ou ingratas, ou feias, ou chatas, ou pessimistas.

Sim, voltei a acreditar no ser humano. Acredito em mim. E nada de adoecer só porque "você" não consegue curar todas as doenças do mundo!

Belimumab 2010! Pode ser que tudo mude...

11/11/2009

A Corrente do Bem já está a postos!

Você já marcou na sua agenda? 15/11, em BH...
Obs: Amostras do que vai rolar...
Crédito: Ana Prado

Mobilização Corrente do Bem: Feira do Abraço!

Pessoal,

Conto com vocês neste domingo, dia 15, para executarmos a “Corrente do Bem” na Feira Hippie em BH. Relembrando as atividades programadas:

- Definição dos papéis no evento.
- Uso de trajes de palhaço ou afins.
- Uso de placa “Abraço Grátis”, circulando nos arredores da feira.
- Seleção de frases positivas (Rafaela).
- Filmagem da mobilização (Romanelli).
- Fotografias para registro histórico do evento.
- Edição do vídeo para You Tube e celular.
- Espalhar a idéia da Corrente do Bem.

Riscos:
- Poucos envolvidos com agenda disponível para 15/11.
- Chuva em BH, levando ao cancelamento do encontro.
Irei comunicar caso remarquemos a data!

Dados:
- Horário: 8:00 (uma hora para maquilar e iniciar a mobilização).
- Ponto de Encontro: Entrada do Parque Municipal próxima ao Palácio das Artes, na Afonso Pena.

Aos confirmarem sua participação, favor informar a função à qual se candidatam:
- Palhaço
- Câmera man (ou woman)
- Fotógrafo
- Maquiador
- Patrocinador (RSS)

Quem não topar, sem problemas!
Beijos.
Ana Carol Prado

10/11/2009

A Flauta Mágica



Era uma vez uma tribo, os Cumurus, resguardada pelos segredos da Mata Atlântica, ainda imaculada. Viviam de extrativismo, pequenas culturas e criações, pesca e caça, sempre respeitando os limites impostos pela natureza. Os guerreiros realizavam cultos oferecendo suas habilidades à natureza.

Numa noite de lua cheia e estrelas palpitantes, o mais novo guerreiro refletia sobre o que ele tinha de melhor a oferecer aos seus deuses. E não queria decepcioná-los. O jovem cumuru se preparou espiritualmente e pintou todo seu corpo com tintas de cores vivas, desenhando todas as maravilhas que ele conhecia, do mar à floresta. Acendeu uma fogueira à beira-mar e sob a luz dos astros, tocou sua música usando uma espécie de flauta criada pelos artesãos de sua tribo: era uma ocarina. Reuniu todas as suas forças para que seu sopro de vida transformasse em notas toda a sua devoção à natureza.

O jovem cumuru, entorpecido pelo luar, saudava as ondas, reverenciava os grandes seres do mar, homenageava a relva do prado que delineava sua terra, agradecia a proteção provida pelas montanhas, abria seus braços para os coqueiros que saciavam a sede de seu povo e traziam sombra para seu alívio.

Naquela noite, o bravo cumuru havia se rendido à magia da música e quando se deu conta, estava mais próximo das estrelas e conseguia mergulhar nas profundezas das águas. Céu e mar se misturavam harmonicamente. O som da ocarina havia lhe transportado para dentro de seus próprios desejos e sonhos.

O jovem cumuru nunca mais foi o mesmo depois das revelações feitas pelo som daquela ocarina mágica. Nada seria como antes e nada mais lhe parecia impossível, desde que se esforçasse na busca por seus objetivos. E ele queria apenas ser feliz.

Escrito por Ana Prado
Nas areias de Prado / Bahia – 21/10/2009