23/11/2009

Contagem Regressiva

Calendário Maia


Eu não podia deixar de ir ao cinema e espiar "2012", no mínimo pela citação da profecia maia, mas também pelo fato de sempre questionar essas profecias do fim do mundo. Desde sempre, ouvi resumos do Apocalipse, segundo a bíblia. Desde os 11 anos, eu ouvi falar de Nostradamus. Desde os 17, entendi que somos finitos. Mas ainda não sei quando o mundo vai acabar, sobrevivemos ao ano 2000 e continuo seguindo, apesar dos contratempos biológicos. Mas somos finitos...

Finitos desde o primeiro segundo de nossas vidas. Não é uma seqüência de desastres da natureza que me dizem isso, como no roteiro de "2012". Não é a chuva de neutrinos solares que aquece a água no meu corpo, nem desloca as placas tectônicas do meu mundo. É a fragilidade da humanidade que assistimos nos cinemas, nos jornais, na internet. Mas a fragilidade particular é o grande desafio, é a luta constante contra a mortalidade premeditada.

Se temos tão pouco tempo, por que insistimos em perder esse precioso tempo? Se não sabemos quanto tempo tempos, por que nos iludimos com planos a longo prazo? Como podemos viver melhor cada segundo que se passa, já que também é um segundo que se perde? Devo parar de dormir, pra poder viver o mundo que me cerca até o meu limite? Devo viver o dia de hoje como se não houvesse amanhã, como diz a música? Quais são as conseqüências desse medo da finitude?

Vivemos numa contagem regressiva e não só os maias, mas muitos outros povos, civilizações, pensadores, religiosos, etc, já nos transmitiram essa mensagem. Mas os maias e todos os demais não se deixaram vencer mesmo acreditando num fim. Vi resquícios dos maias (astecas também) e posso dizer que apesar de suas previsões pessimistas, eles nunca deixaram de acreditar numa serpente emplumada que os protegeria do desconhecido, nunca deixaram de construir suas grandiosas obras saudando o sol, sempre comemoraram os solstícios em rituais que ainda hoje mexem com a imaginação humana. Os maias, você e eu somos feitos de uma finitude comum, assim como todos estamos fadados a um sentimento comum: a esperança. Portanto, por mais que a vida seja uma contagem regressiva inegável, continua valendo a pena.



El Castilo em Chichen Itza - México - 2008

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