18/11/2011

O Próximo

Existem duas formas de encarar a vida. Ou você vive esperando pelo amanhã ou você deixa o amanhã esperando por você. Prefiro a segunda opção em quase tudo que faço, claro, considerando aquilo que só depende de atitudes minhas. Agora... depender do próximo, é dureza. Depender do passo alheio me deixa desnorteada, afinal, sou uma eterna controladora dos meus passos. Não sou tão perfeccionista, acreditem, mas sou mesmo obcecada pelo “conhecido”. Esse papo de que o “desconhecido” é mais emocionante não aplica aos meus dias.
 
A gente insiste em achar que o outro vai agir como gostaríamos, ou vai agir como agiríamos. A gente esquece que somos diferentes em detalhes e muitas vezes são esses “mínimos detalhes” que mudam tudo. Seus gostos, seu estilo, seu jeito de ser, sua criação, sua referência, seu caráter. Tudo isso muda de cara pra cara, de gene pra gene. E ainda assim nos decepcionamos. Mania de nos iludirmos com a perfeição alheia, nos gestos, no bom senso e nos sentimentos. Eu insisto em trombar com gente assim, diferente demais de mim, e olha que estou longe de ser a perfeita boa samaritana.
 
Mas não dá, não consigo evitar a avaliação do absurdo, a punição da desonestidade, a descrença na transparência. Poucas vezes na vida eu me vi querendo de fato excluir gente da minha convivência. Normalmente faço isso naturalmente, sem muito esforço e muito menos sem peso na consciência. Mas quando faço porque é preciso, porque o outro me invade, me fere e me decepciona, aí sim fica difícil ser a pessoa pacífica de sempre. Fica difícil ser racional, pois neste tipo de caso, minha cabeça entende (“o ser humano é fraco e corruptível por natureza”), mas meu ego não (“não acredito que permiti que a corrupção se aproximasse de mim com a minha própria permissão”). Meu ego e meu coração, pois é difícil excluir da nossa pessoas em que apostamos e confiamos.
 
Quando o seu amanhã pode ser imprudentemente invadido pelo próximo, aí a coisa fede. Merda no ventilador. Não se deixar atingir pelas ações alheias é um enorme desafio pra mim, pois sou extremamente permeável. Não me separo das realidades alheias como se estivesse em uma bolha. Fagocito o mundo ao meu redor. Vivo em constante osmose quanto ao que gira lá fora. E aí acabo descobrindo que me irrito com uma felicidade criada em cima de um fracasso, me irrito muito mais do que gostaria. E resolvi escrever na esperança de tirar isso do meu pensamento e organizar as idéias, que estão exaustas disso tudo.
 

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