08/06/2013

Quem sabe morrer?

Não entendo nada sobre morte. Não entra na minha cabeça que alguém simplesmente se desconecta. Não aceito a explicação de que pode ser que tenhamos algo melhor depois da vida. Não consigo acreditar que vamos dormir até que sejamos julgados. Enquanto eu não tiver certeza, nenhuma dessas teorias fará sentido. A questão é que sermos finitos é de dar medo. Pois não sabemos o limite dessa finitude, não sabemos quando seremos desligados e convertidos em simples memória. E a tendência, por mais cruel que pareça, é cairmos no esquecimento ou termos nossa imagem deturpada pelas lembranças alheias. 
Quantos já não estiveram aqui na Terra e já se foram, hoje esquecidos? Como somos reduzidos à nossa mediocridade natural, mas que lutamos por toda a vida para superar, não é mesmo? Do pó ao pó. E se não nos esforçamos por deixar um rastro de boas lembranças e bons exemplos, temos ainda uma chance maior de sermos lembrados com uma imagem ruim ou somos fadados a nos transformarmos em fantasmas. E de que terá adiantado viver, sem termos deixado alguma herança, algum propósito cultivado?
Para muitos, ter filhos é garantir a sua permanência aqui, mesmo que seja por sua continuidade genética. Ainda assim, não é você, não é a sua história, não é a sua história contada por você. Tudo tende a ser perder no tempo, incluindo os seus genes, que serão naturalmente adaptados aos novos tempos, misturados com os genes de outras pessoas, gerando pessoas totalmente únicas, mesmo quando clonadas. Afinal, não somos apenas código genético - somos almas moldadas pela vida, pelo ambiente, pelo destino, pelo tempo. 
E aí me pergunto o que será feito de todas as fotos que tenho impressas em meu grande armário na sala, contando a minha história em imagens, mas que escondem tantos fatos, segredos e peculiaridades sobre as pessoas fotografadas que só eu posso contar e que provavelmente só interessam de fato a mim. Qual o sentido de hoje documentarmos tudo, sermos tão públicos, fazermos tanto marketing de nossas vidas, se seremos convertidos ao mesmo pó? Talvez porque temos medo de perder a nossa memória... Talvez porque estejamos nos esforçando para não passarmos despercebidos pela vida... Já que o fim é igual para todos. 



Observações: Quando eu morrer, tenho duas tarefas específicas e um pedido geral:
1) Dayana Fernandes - Fotografar o meu velório. Que o registro seja feito até o fim. 
2) Que os meus melhores amigos garantam um destino amigável para minhas fotos impressas, se eu não tiver herdeiros. Façam o que eu gostaria que fosse feito.
3) Que na minha rede social todos postem alguma lembrança, um fato, sobre nossa convivência, e não lamentações sobre a minha partida. 

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog Carol, e obrigado por compartilhar um pouco de você aqui.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anderson, obrigada!!! E desculpa a demora do meu agradecimento.

      Excluir