09/08/2011

Antes de Partir

Estou naquele instantezinho do tempo em que me sinto dividida quanto à espera: é bom ter o que esperar, é bom saber que um dia vai estar lá, mesmo que isso te roube o sono e te deixe ansiosa. Vivo de esperas, e talvez eu sempre espere muito, especialmente de mim mesma. Quero passos largos, quero planos a curto ou longo prazo. Não é à toa que tenho uma lista do que ainda quero fazer...


Hoje estou beirando meus 29. Aos 16, que se não me engano foram ontem, eu fazia planos para o que sou hoje. Agora faço planos para minha terceira década. “Haja hoje para tanto ontem”, frase supostamente roubada de Leminski. Estamos em agosto, aquele bendito mês em que o vento uiva, os ipês florescem e se vão, quando eu descubro que tenho menos um ano para cumprir tantos planos. Por mais alvissareira que minha vida seja, será que vou realizar tudo que pretendo?


Não interessa. Esperar, fazer as malas, me permitir idas e vindas – isso me move, isso me mantém de pé. Disse Clarice Lispector hoje, através do seu correio eletrônico direto do céu: “Que medo alegre, o de te esperar”... A expectativa de romper distâncias enormes, de estar num túnel do tempo e do espaço, como se não houvesse limites quando se tem um bom propósito. Mas diriam os outros: “de bons propósitos o inferno está cheio”...


Propósitos estes que provavelmente só eu entendo, pois só cabem ao meu coração. Mas se for necessário encarar o outro lado da esfera sozinha, que assim seja. Desde que eu sempre atravesse os meridianos com a sensação de sonho realizado. Sonhos estes que encorpam um único desejo: o de ver tudo com meus próprios olhos.


Quero muito ir, sempre ir, e de vez em quando voltar. Voltar quando a saudade for sincera, quando o cansaço bater, quando eu descobrir que pertenço (ou não) àquele lugar. Sacrifícios são feitos, mas tornam-se irrisórios quando mensuramos o impacto do trajeto percorrido em nossas modestas almas. Não que quem vá que volte do mesmo jeito que foi.










Nenhum comentário:

Postar um comentário