30/10/2010

Ação e Reação

Destinos se conectam apesar das improbabilidades. Algo em mim atrai histórias de pessoas muito diferentes que normalmente me fazem refletir sobre minha própria história. Fato é que as grandes mudanças no meu jeito de ser sempre ocorreram em momentos de grande luta e dor. Porém, o que nos define nestes tempos de medo é a forma como reagimos ao que nos espera adiante. Ou seja, você é a medida proporcional à luta travada para superar o que o aterroriza. Você age e reage a cada respiração.

Quanto topo com alguém que viveu, sofreu ou perdeu algo semelhante ao meu trajeto, descubro que estou bem melhor do que a maioria das pessoas que passam por certas situações: seja uma doença, seja uma separação, ou qualquer outra coisa que te deixa completamente sem chão. Sem dúvida esses dois momentos permitiram uma mudança para melhor e me definiram como que hoje sou. Descobri que brigar pode ser necessário, que uma dose de egoísmo é fundamental pra não se tornar um fantoche emocionalmente dependente, que a esperança é a única coisa que te faz acordar no dia seguinte. E que o tempo cura tudo.

Ainda tenho vários defeitos. Sou mimada, teimosa, ansiosa. Basicamente três características que me fazem buscar as atenções de quem amo, bater o pé pelo que acho certo e não enxergar a realidade, viver esperando por uma vida constantemente cheia de grandes feitos e descobertas, criar expectativas sobre o que não existe. A verdade é que preciso entender que 70% da minha vida será sempre “pacata”, contrapondo-se a todas as loucuras que já fiz e ainda farei. Entretanto, penso: por que insisto em achar que essa condição é “errada”? O que me inquieta é a sensação de que estou desperdiçando meu tempo, ou melhor, que a morte será um desperdício.

Hoje, como estou, como vivo, como me projeto, é o melhor que posso fazer. Isso deveria me bastar, acalmar minhas inconstâncias, suprir meus desejos. Aceitar que faço o que posso. Porém, bem lá no fundo da alma, eu tinha outros planos para mim, completamente inviáveis por sinal. Mas apesar das impossibilidades, esses planos ainda insistem em me mover adiante, chegando o mais próximo das metas criadas quando eu ainda era criança. Eis a diferença entre estar feliz onde se está e o que você faria se tudo fosse possível. O grande lance é estar o mais feliz possível onde se está e deixar que as ambições te propulsionem sem pressão.

Tudo isso estalou como um estrondo em meus pensamentos nessa madrugada. Como se caísse uma ficha de 5 toneladas. Não adianta buscar os motivos que acreditamos serem as causas de tudo que aconteceu, especialmente quando uma segunda pessoa está envolvida. Se essa pessoa não te disser o que sente ou o que a faz agir daquela maneira, não adianta tentar montar um quebra-cabeça pra entender o que se passa dentro do coração do outro. Nenhuma justificativa irá mudar o curso das coisas e o alívio será temporário, exatamente porque não traz uma solução.

Neste quesito sinto que vou sofrer eternamente. Queria que as pessoas fossem mais transparentes, mais sinceras com o que querem de fato, tanto de mim quanto do mundo. E aí esse meu jeito de arrotar tudo que incomoda, de falar o que realmente quero, até que ponto quero, acaba assustando boa parte das pessoas que ainda não me conhecem. Não consigo segurar dentro de mim nenhum tipo de sentimento, seja de carinho, seja de raiva, seja de tristeza. Se não gosto de uma pessoa (o que é bem raro), garanto que ela sabe. Não sou política com quem "insuporto". Mais um motivo para meu sorriso frouxo e quase constante bom humor parecerem algum tipo de proteção ou até falsidade. A questão é que não sei mentir sobre como estou me sentindo e a minha sorte é que apesar das tensões, decepções ou dúvidas, normalmente faço piadas e me sinto realmente alegre, independente dos meus medos. Sofro intensamente, mas passa naturalmente.

Obs: Nunca saio em fotos quando não me sinto feliz.

Um comentário:

  1. Sou solidario. A busca pela transparência e sinceridade (quase) plena é quase frustrante. Mas sou teimoso e continuo buscando...

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