21/11/2010

Escolhas premeditadas?

Ainda sei pouco sobre o que quero pra mim. Mas sei muito bem o que não quero. Só que chegar ao que realmente queremos é um percurso exaustivo. Não adianta tentar dar passos maiores do que as pernas, nem forçar as cordas vocais gritando no vácuo. O destino sempre apresentará improbabilidades, opções sequer imaginadas. A questão é que a escolha que você fará já está de alguma forma premeditada dentro de você. Você nunca escolhe aquilo que jamais escolheria.

Quando penso nas escolhas que fiz, muitas delas de forma impulsiva e apressada, percebo que nada teria sido diferente quanto às minhas opções. Aquelas circunstâncias moldaram minha decisão, mas no fundo escolhi o que eu queria desde o início, independente do que era certo ou errado. Escolhia o que era certo para mim, o que respondia ao meu próprio plano interior. Você nunca é inocente em suas escolhas.

Os sonhos dos quais abdiquei, as loucuras em que me meti, a independência que instaurei, as situações que vivenciei, tudo – nada foi um acontecimento externo à minha própria decisão. Você erra porque quer, porque aceita o risco. Você erra porque esperava acertar, mas não deixa de ser a sua vontade rumo ao inesperado. Se você pudesse olhar do futuro para o seu passado, provavelmente mudaria algumas coisas, mas acredite: aos poucos você retornaria ao seu padrão natural de escolhas, seguindo seu instinto imutável.

Mas a questão é que vivemos exercitando nossas escolhas. Vivendo pedindo opiniões alheias, que muitas vezes são ouvidas apenas por desencargo de consciência. Você ouve só para reafirmar o que não irá fazer, com um espelho que mostra a ação contrária. Não interessa a imagem refletida, interessa sempre a origem real do reflexo. O que nos angustia, no entanto, é constante convenção social que nos leva a contrariar nossas escolhas, aprisionando nossas atitudes naturais.

Claro, a sociedade precisa de limites e de regras para garantir a sobrevivência, mas as escolhas de que falo não nos tornam mais violentos, menos éticos ou mais inescrupulosos. Falo de escolhas que nos fazem mais felizes e verdadeiros, sem invadir ou desrespeitar o limite do próximo. Escolher a profissão certa, amar a pessoa naturalmente escolhida, falar a verdade mesmo que seja dura, permanecer sozinho porque você se basta, viajar e nunca mais voltar, acreditar no que realmente o conforta, escolher os amigos que lhe convém, ser que você sempre foi por dentro. Coisas assim te libertam e fazem com que tenhamos argumentos espontâneos para nossas escolhas.


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