26/01/2011

Vicky ou Cristina?


Hoje acordei Vicky. Os meus 30% de Cristina estão completamente adormecidos. Não que eu precise ser 100% Cristina (acho "over" demais pra mim), mas ser 100% Vicky também não é meu sonho de consumo. Talvez eu precise de uns dias em Barcelona… ou de uns dias rodando pelos Andes, mas acho que estou mesmo condenada a uma onda de mesmice até que as águas de março fechem o verão. Talvez não seja uma má idéia ficar quieta, com pensamentos quase “tibetanos” durante algum tempo. Viver aos solavancos pode ser bem destrutivo... apesar de inevitavelmente mais divertido...


Porém, colada na mesmice feito um carrapato, vem a falta de inspiração. Maldito combustível que só alimenta quando há combustão! Por que tudo precisa ter um tom de aventura, ao invés de simplesmente curtir a monotonia pacífica que talvez consiga trazer o juízo de volta? Agora não tenho mais nenhum dente “siso” e o que mais ouvi foi: “E agora, o que será de você com juízo nenhum?”


Acredite, quando os sisos ainda não eram dentes-fantasma que hoje doem sem parar, eu tinha bem menos juízo. Mas aí volto ao paradoxo Vicky X Cristina. Será mesmo que eu seria feliz para sempre vivendo uma vida “clichê”? Será que me resignar, ser emocionalmente estável, constituir uma família capa de embalagem de leite, é mesmo o que eu sei fazer “melhor”? Ou será que me dou bem na pose de caricatura, sempre inventando uma maluquice nova? Afinal, será que não sou “mais eu” quando decido voar de balão, ao invés de simplesmente ir a um show convencional? Não que a caricatura me transforme numa figura teatral, mas de fato amplifica a suposta loucura que carrego. Acredite, por mais que eu tente, ainda sou mais Vicky do que Cristina (salvo alguns surtos cômicos que acabam fazendo minha vida parecer uma comédia).


Não, não quero um Juan Antonio, Deus me livre! Prefiro as coisas loucas porém simplificadas, estranhas por natureza, e não aquelas forjadas pela insensatez humana. Mas como diria Maria Elena à Cristina, será que não tenho o péssimo hábito da constante insatisfação? Sempre achando que uma ou outra coisa podia ser diferente. Sempre cavando um buraco novo, apenas pra garantir a diversão de fugir dele? Só pra dizer: “por isso eu já passei, quer uma dica”? Como se a vida fosse um manual de experiências e resultados...


Fico repetindo como num mantra: “deixa rolar, deixa rolar”. Mas insisto em tentar controlar os níveis de acidez ou doçura na minha vida. Sou astrologicamente mutável, eu sei, flexível às mudanças, uma camaleoa. E quem muda se alimenta de mudanças, mas não aquelas que sejam a longo prazo... E quando alguém de repente pergunta: “como você está”? Entro em parafuro e respondo: “morninha”. Nem quente, nem frio. Nada intenso, tudo “indo”. Ser tão medíocre, com uma resposta tão idiota, me deixa envergonhada. Talvez porque eu não goste de gente morna e sem sal. E por isso eu tenha medo de um dia, sem perceber, descobrir que estou congelada na mesmice.

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