21/12/2009

Matemática da Fotografia

Na TV, “Em Busca da Felicidade”. No sofá, o meu diário anual - exercício contínuo de autoconhecimento. Na mesa, fotos ainda sem legenda, esperando um tempo meu pra me dedicar ao que me resta de memória. Só guardo aquilo que rabisco, este sempre foi meu calcanhar. Ao escrever, eternizo meu passado, meu pensamento, meu desejo. Mas aos olhos do mundo, não estou mesmo me expondo demais, arreganhando meus medos e defeitos?

E daí? Melhor do que fingir sobre quem sou, melhor do que simular o que não sinto, muito melhor ainda do que engolir os sapos sem resmungar sobre cada coaxar preso na minha garganta. Leiam minhas legendas, vejam meus aquários, copiem meus textos, façam parte da minha máquina do tempo. As fotos são minhas, mas quando eu não estiver mais aqui, isso não mais importará. Que vejam e, com um pouco de sorte, tomara que estas fotos algum dia contem as histórias por mim...

Saudosismo antecipado? Acho que vivo disso! Sinto saudade de tanta coisa, de tanta gente, de tantos lugares. Saudade na dose certa é afago em momentos de solidão. Saudade é sinal de que foi bom. E melhor ainda é saudade só de coisa boa, só saudade sem necessariamente ter de volta. Sorte a minha! Afinal, pra completar, tenho um dom único: de não me lembrar dos detalhes dos momentos ruins. Descobri que momento bom é momento com fotografia, eu não me fotografo quando estou triste! Sendo assim, cada foto é um link pra uma boa recordação. Isso explica perfeitamente a minha mania de fotografia... Abra meus armários, conte quantos álbuns tenho. Espie meu computador, tente achar alguma foto triste. Conte nos dedos quantos dias consigo ficar sem uma foto! Sendo assim, são pequenos os intervalos sem algo que merecia ser lembrado.

Aos meus 12 anos ganhei minha primeira máquina, uma velha Yashica. Presente de Natal da minha tia caçula. Mudei minha memória naquele ano de 1994. Grande parte de minhas lembranças agora dependem destas cenas congeladas que simbolizam momentos, etapas, crescimento. Até os 12 anos, eu tinha umas 600 fotos razoáveis, no máximo, por vários motivos que não me cabem contar agora. Não é à toa que vivo rodeada por fotos nas paredes, em porta-retratos digitais ou tradicionais, em proteções de tela que me colocam no túnel do tempo... Revivo em segundos aqueles instantes... Hoje tenho, impressas, quase 6 mil fotos. Se fizer as contas, nestes 15 anos tenho praticamente uma foto para cada dia vivido. Sendo assim, nestes 5475 dias, fui 100% feliz. A matemática não erra, claro!
Nem dá pra duvidar, não é mesmo?

4 comentários:

  1. Eu gosto de fotos. De tirar fotos.

    Encaro a foto como uma maneira de ajudar a memoria (tem outro motivo?).

    MAS, ao contrário de muitas fotos suas que já vi, eu não saio nas minhas. Quero ajudar a memória com as paisagens, as pessoas, os acontecimentos. Mas eu normalmente não estou nas fotos. Sei lá. As vezes, não é muito fácil eu me esquecer de mim. (Ou é? heheh)

    Fiz uma viagem, 2000 fotos, eu estava em 6. Certamente, metade foi por insistência das pessoas para eu sair :)

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  2. Engraçado, quando vc falou que ganhou uma máquina yahshica quando tinha 12 anos, lembrei na hora daquela cena do filme da Amélie Poulain quando ela, tb pequenininha, ganha uma máquina desse tipo e fica fotografando tudo! haha :)

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  3. Teca, querida! Eu tenho paixão pela Amelie!!! Sou exatamente feito ela: uma bobona querendo mudar o mundo! :)

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  4. Dudu... Talvez pra você seja mesmo importante guardar o mundo lá fora, pois você já se conhece o suficiente pra ter que ficar lembrando a todo tempo quem vc é :). No meu caso, com esse meu pânico de perder a memória, faço questão de lembrar quem sou, talvez principalmente quem sou no mundo lá fora. Afinal, cada um sabe muito bem do que precisa se lembrar... :)

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