24/12/2009

Papai Noel é um Avatar!?

Em clima de Natal, me ofereci um momento a sós com o cinema. Encarei o mundo fantástico de Pandora e há tempos não saía do cinema com essa sensação boa que só a transformação nos proporciona. Muitos com certeza irão apenas se preocupar com a experiência em três dimensões, ou com os efeitos e programação visual, ou com as críticas ao destino dos soldados pós-guerra.

Mas aos meus olhos se passaram muitos outros recados. Nem vou entrar no mérito do lado ecológico que o filme possui, não vou sequer comentar o que fazemos com o mundo ou com cada um de nós mesmos para enaltecer uma sociedade tecnológica, capitalista e inquieta. Não preciso falar dos nossos preconceitos, da constante mania de supremacia, de dominação e exploração. Somos os mesmos velhos navegadores que encararam uma Terra plana. No filme, somos ainda os mesmos prepotentes.

O que me encantou em Pandora foi a simples idéia de sermos uma “energia emprestada”. Como é que fiquei tanto tempo sem pensar nessa versão dos fatos da vida? Como pensei este tempo todo que somos únicos e indivisíveis, se até os átomos perderam este crédito? Energia... A conexão entre cada parte do todo se torna evidente em uma sociedade de humanóides azuis, que muito se parecem com quem já fomos um dia. Nos olhos de Neyriti, o mesmo amarelo ouro dos atobás, congelando o nosso pensamento. Eu sabia que já tinha visto aquele olhar! Na pele dos Na´vi, as marcas dos tigres e zebras, com listras que lhe tornam particulares. Somos animais, mas sempre nos esquecemos disso: a velha mania de superioridade. Na incapacidade de Jake, nossa constante fuga da realidade, vivendo mundos que não nos pertencem – mas ainda assim humanos por natureza, claro.

Quando penso naquela Árvore Sagrada dos Na´vi, considerados como selvagens, me lembro perfeitamente de vários conceitos que nos transformaram em quem somos: a árvore bíblica, a árvore do conhecimento, a árvore genealógica, a árvore da vida, as comunidades, as redes sociais. Quanto penso na divindade dos humanóides azuis (esse foi realmente um ano azul - cor do mar), vejo nosso Deus ou qualquer entidade que simbolize a esperança, qualquer que seja a crença, fé, religião. Conectar-se a ele, ouvi-lo e ser ouvido, eis o grande desafio, mesmo sem possuirmos conectores escondidos em nossos fios de cabelo... Essa necessidade de ser ouvido é naturalmente humana, portanto, não caía na tentação de taxar o filme como a história de um outro planeta, de um povo alienígena – os Na´vi são nossos avatares naturais, sem que precisemos do Second Life, do Orkut, do Facebook, do Twitter, do Skype, etc. Você pode ser um analfabeto digital, mas no fundo, é tão azul quanto eles...

Neste Natal, espero que Noel nos encontre bem “azuis” e dispostos a amar tudo que nos cerca. Ser azul vai além – leva-nos a respeitar tudo e todos com quem nos relacionamos. Talvez assim valorizemos as oportunidades que temos nas mãos: um mundo lá fora nos espera e nos oferta continuamente a chance de sermos melhores... Aliás, talvez o Papai Noel seja só outro tipo de avatar, que sem querer escapou pro lado de cá. Quem disse que a Árvore Sagrada não lhe deu o direito se ser apenas a sua melhor versão: um bom velhinho caridoso? Que beleza! (Diria meu amigo Romanelli) Acredite ou não no espírito natalino, o que importa é que não nos percamos na Matrix, uma ilusão que nós mesmos criamos e na qual estamos presos.

Não somos as roupas que vestimos, nem a cor de nossa pele, nem o dinheiro que temos no banco, nem o cargo que ocupamos. Se todos fossem fisicamente iguais, a única coisa que nos tornaria únicos seria de fato aquilo que escondemos em nossos corações. Portanto, olhe todos como se fossem azuis. Dali em diante você encontrará a verdadeira essência e aquilo que nos transforma em seres humanos especiais.

A foto é de 2003, mas o azul é de 2009!

6 comentários:

  1. Mica, reconhece essa foto? Esse lugar? Esse jeito de falar? rs

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  2. Que Noel nos encontre " azuis" e tb que este período não se limite aos fins mercadológicos e festivos normalmente ressaltados nesta época do ano, mas que seja um período de confraternização e renovação espiritual!
    Bjus! :)

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  3. Deus fez o homem à sua semelhança... mas o homem está sempre tão cheio de si
    que não respeita ser nenhum... nem oa azuis de Pandora.
    Beijos

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  4. Todo o azul do mar... Me liempra o infinito que é o mar, assim como as possibilidades de nossa vida :)

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  5. Oi Ana! meu email é nataliacpereir@yahoo.com.br!

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