11/09/2010

Onde

Não pertenço ao lugar em que estou agora. Essa minha súbita inércia poderia ter sido prevista, quando o que realmente me move vai além do que está ao meu redor. Sim, alcancei inúmeras conquistas, mas o que fazer com um espírito inquieto que não conhece satisfação plena e vive de pequenos vícios sem freio? Não se pode lutar contra sua essência, especialmente se você se obriga a prioridades que não nascem no seu sangue.

A sensação que tenho é de que por algum motivo estou perdendo um tempo enorme, afinal, o mundo é muito grande. Mas essa mania astrológica de ser planejada, realista e concreta me impede de fazer coisas que talvez realmente satisfizessem meu lado pisciano. Claro, o lado virginiano acha tudo um máximo. Mas e o mundo? Quem sou eu aqui, estática, congelada, entediada, sem planos a curto prazo? Longo prazo - o que é isso?

Não quero viver presa às mediocridades, tenho andado mais calada para talvez ser menos medíocre. Sim, sou uma boba falante, que espirra os sonhos pelos cotovelos. Trago pra mim a inveja alheia, acabo ouvindo opiniões desnecessárias. E por fim desabafo numa realidade também criada para ser meu esconderijo: mas, claro, não posso me esconder do mundo, ainda assim falo mais do que deveria.

Se eu pudesse me teletransportar, não estaria aqui e nem em algum lugar já conhecido. Estaria provavelmente em um cenário completamente estranho aos meus olhos, me permitindo a minha verdadeira vocação: a descoberta, a aventura. Afinal, eis o motivo do nome deste blog, motivo este que se desviou ao longo destes últimos meses onde tive que ser um pouco menos “eu”.

Não se assuste com essa vontade supostamente repentina de fugir, chutar o balde, perder a noção. Ela passa. Um dia passa. Não sei se (in)felizmente. Só sei que meu coração está inquieto porque sinto que cada vez mais estou presa às definições sociais e prioridades que não são naturalmente minhas, apesar de amplamente reconhecidas como cruciais à minha sobrevivência neste mundo capitalista. Eis que o que me dói não é não ter me transformado numa oceanógrafa, nem numa jornalista a correr o mundo. O que me dói é não saber pra onde vou em breve, muito menos se conseguirei um dia estar em todos os lugares com os quais tanto sonhei.

Ilha de Páscoa

Nenhum comentário:

Postar um comentário