05/04/2011

Cuspindo


Tem dia que não dá. Não dá pra fingir que tudo está na santa paz, que tudo está sob controle, que está tudo andando conforme o planejado. Não dá pra achar graça em piadinha mal feita, nem pra ficar rodeando pra evitar que a resposta seja tão certeira que arrebente. Tem dia que não dá. Especialmente quando não entendo o que se passa na cabeça alheia, quando fico tentando adivinhar qual é o jeito certo de fazer as coisas. Não tenho bola de cristal.


Tem dia que não dá, eu assumo, porque eu estou de saco cheio. Cansada da hipocrisia, cansada dos não-me-toques, cansada dos receios de sentir dor com a mudança necessária. Cansada de ser a intolerante porque falo o que penso, cansada de ser a rebelde por discordar e por querer melhorar o mais rápido possível, cansada de ser a inflexível porque tenho minhas convicções. Ontem meu amigo me disse que preciso ser negociadora. A questão é que não concordo é com o preço do produto: o teatro.


Tem dia que dá é vontade de chutar o balde, ignorar os palpites alheios, mandar que todo mundo cuide de sua vida. Tem dia que não só dá vontade, como a gente acaba enfiando o pé na jaca e morrendo de remorso depois. Por isso estou aqui, contanto de 1 a 10 como o idiota do Pato Donald, pra não perder a razão e nem a fé. Quando percebo, já estou no 53, 54, 55... E ainda não passou. Mas eu juro que me esforço. Só que a minha cara é de vidro, transparente.


Tem dia que a primeira coisa que eu me pergunto é: o que eu estou fazendo aqui? Era pra eu estar lá, aonde quer que isso seja. Vai passar, eu sei – sempre passa. Mas tenho o direito de dizer que “tem dia que...” Não sou de ferro, também me esgoto, também perco a paciência. Só que cada vez mais eu me questiono se estou tão errada em tudo. O pior é que não tenho essa resposta.

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