25/07/2011

Eu, Social

Fazemos parte hoje da década da “mídia social”. A geração que nasce agora vai encarar um mundo onde ter o seu “avatar” na internet é mais do que natural: vem de berço. Estamos na rede, conectados por usuários, contas, e-mails, números e senhas. Hoje somos completamente rastreáveis, desde que estejamos conectados na mesma realidade. Estatísticas podem falar sobre isso melhor do que eu (http://www.youtube.com/watch?v=gIDB9qB1DN8). Você é um código de banco, um CPF, um registro de identidade, um CEP, um índice cadastral, um IP, um usuário em cada site, um login na rede, ou seja, você é uma pista pra si mesmo. Estamos nos tornando itens do patrimônio globalizado. Melhor estar catalogado do que viver à margem da modernidade? Eis a questão.
 
Mas não adianta negar: realmente tudo isso beira à loucura para alguém que, como eu, quase aos 30 hoje,  ficou deslumbrada quando descobriu o telefone sem fio, a TV a cabo com desenhos sem legenda, o computador com DOS, o celular ainda com antena, o wireless ainda cheio de estranhamento, o MP3 minúsculo, o Ipod que ainda me dá uma surra, etc. Com quantas tecnologias você tromba todo santo dia e se assusta? Graham Bell que me perdoe, mas eu ainda nem digeri a invenção dele, o que direi das demais!? Há alguns anos atrás perdia horas discutindo este tipo de assunto no sofá da república estudantil da qual fiz parte e cheguei a uma conclusão: a modernidade é um assunto que só bêbado entende. Continuo sem entender como temos fotos de galáxias, como o sinal da televisão chega na minha casa com imagens, como a voz viaja pelo rádio, como o DNA define o que somos, como somos feitos de aminoácidos pensantes, como nasce uma pessoa. Pois a vida humana é a suprema tecnologia da natureza, em seu estado puro...
 
Nos últimos dias corri contra o ponteiro do tempo. Pelo pouco que sei, já fico espantada com as teorias físicas que surgem no mundo moderno. Cordas, dobras, buracos de minhoca, buracos negros, água em Marte. E daí vem a conclusão de que de fato o tempo é elástico, acompanhando o quanto exigimos dele. Você pode fazer milagres do “quase” tele transporte, saltando de um país para outro em horas se tiver os recursos certos. Quando é que os colonizadores famintos pelo ouro por volta de 1500 imaginariam que suas navegações históricas e o genocídio de civilizações inteiras, seriam substituídos pela informação que não se limita ao tempo e espaço? Você literalmente viaja sem sair do lugar, apesar as limitações da vivência virtualizada. Hoje você é uma peça na tal Sociedade do Conhecimento, essa bendita de quem ouço falar desde os meus tempos da faculdade, como uma teoria de pensadores malucos. Você vive múltiplas realidades, mesmo que não se possa estar lá de corpo presente.
 
Não dá pra fugir dessa tsunami de informação, convívio e sociabilidade. Você pode resistir, mas vai aos poucos se sentir perdido e contra a maré. Guetos virtuais existirão, representando a sociedade concreta, mas a nova mídia permitirá que seu alcance e seus relacionamentos cresçam exponencialmente. Antes você era X, agora você é X ao quadrado quando se trata da capacidade de comunicar e alcançar mentes alheias. Você agora é mais do que um microfone. Você é um megafone. Formador de opinião, ou “desinformador” de qualquer outra coisa. Polêmico superficial, ou observador contingencial. Não importa, você simplesmente faz parte. Você pode resistir, mas acredite: tem onda que vale a pena surfar. Se quiser, volte pra terra firme. A história prova que resistir às mudanças ou encará-las como um desafio definem as espécies que sobrevivem. 
 
 

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