06/10/2014

O fim, por si só

Triste o fim em que a pessoa se revela outra.
Outra tal como deveria ter sido antes de partir.
Outra tal como tenha sido camuflada ao longo do tempo.
Outra, aquela do início, perdida no final.

Triste o fim em que nós nos revelamos outros.
Incrivelmente enfraquecidos por tanto ceder.
Imensamente enfraquecidos por termos tentado tanto.
Impressionantemente enfraquecidos pela frustração.

Triste o fim em que as pessoas não podem mais conviver.
Magoam sem perceber.
São duras para se protegerem.
Tornam-se amargas pela decepção.
Perdem a noção do limite e do respeito ao outro.

Triste o fim em que pessoas antes tão próximas precisam se tornar meros estranhos.
E nunca mais dar boa noite.
E tão cedo aceitar que o outro pode e merece ser feliz mesmo sem você.
E talvez sempre sentir uma pontada de tristeza ao ver fotos antigas antes felizes.

Triste o fim em que a gente precisa cortar todos os elos.
Deixar de lado os meios de contato.
Eliminar pontos de congruência.
Mudar a rotina e se distanciar cruelmente.

Triste o fim em que nenhum dos dois se permite ser leve e honesto.
Negando cada um as suas culpas.
Pedindo perdão quando é tarde demais.
Guardando mágoas sem solução no devido momento.

Triste o fim em que todos os planos perdem o sentido.
E você precisa se reinventar de novo.
Quando você está sem forças, sem esperança.
E especialmente naquele momento em que você só queria que tudo fosse como antes.

Triste o fim.
Esperando o recomeço.
E pacientemente acreditando que vai passar.

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