12/07/2011

A vida de uma solteira

Quando ela me contou, não acreditei. Ela decidiu se matricular numa pós-graduação caríssima pelo último objetivo que eu imaginaria: ela queria um namorado, futuro marido em 2012. Estávamos no carro, rindo das coisas da vida, até que ela me soltou essa bomba. A que ponto o mundo chegou? O professor da pós seria algum tipo de cupido moderno que eu desconheço? Acredite, essa estratégia pode parecer absurda, mas você já restringe seu público alvo e classe social. Não é uma má idéia descabida. Talvez seja um diploma que a certifique na disciplina de mazelas da vida moderna de uma mulher solteira: falta homem no mercado.
 
Não é fácil, amiga, concordo com você. Mas não deixa de ser engraçado imaginando você se inscrevendo e se apertando financeiramente pra achar um marido, e não ter como primeiro objetivo a sua própria graduação. Sigam meu desenho do processo: ela entra numa instituição renomada, no seu salto alto, dirige-se até a secretaria da instituição. Ela é independente, tem cabelos curtos, olhos esverdeados e todo um estilo lady de ser. Pede um formulário de inscrição, analisa as parcelas, verifica o planejamento do conteúdo do curso. Aí vem o problema.
 
No formulário, diz: “qual a sua expectativa quanto ao curso”? Resposta: conseguir um bom casamento. “Da formação em gestão de negócios, enumere conforme o grau de interesse”. Resposta: 1) Casar 2) Não me divorciar 3) Ter um filho. Ela pensa: “Shi, eles não têm a opção de comprar um apartamento”... Não se trata de um programa focado em negócios, mas sim na sua árdua negociação nesse mundo de pressão que cerca as solteiras. Não é fácil, minha gente, estar bela, depilada, ser inteligente, simpática, ter um bom emprego, estudar e ainda por cima arranjar uma brecha na agenda pra procurar uma agulha no palheiro.
 
Ela está fazendo o curso, já assumiu o posto de “baladeira” da turma, pois vive tentando marcar eventos para reunir a turma e de uma certa forma montar seu processo de seleção criterioso. Se fosse uma empresa de Recursos Humanos, seria uma “caçadora de cabeças” nata. Das unhas cortadas à cor da gravata, do “menas” ao “gentil demais”. Do careca ao bem dotado. Não é fácil e só pra complicar, não existe currículo que fale sempre a verdade.
 
Caso 1: Se ela marca um churrasco, já avalia a adequação ao escopo. Se ele for de boné, que não seja um boné de propaganda, mesmo que seu pai seja dono da empresa. Se ele for de bermuda, que não ouse ir de chinelos. Se ele for com uma camisa pólo, que não exagere colocando ela pra dentro da bermuda e que a gola não esteja frouxa de tão velha. Se ele for do tipo mais descolado, que não confunda falta de higiene como estilo: corte o cabelo, meu filho! Apare especialmente aqueles pêlos que pulam do nariz e orelha, pois não há mulher que suporte!
 
Caso 2: Se ela marca um happy hour, já avalia outras variáveis pra saber se o projeto vale o investimento. Se ele for de carro e encher a cara, é um irresponsável. Não seria bom marido, bom pai de família. Se ele for de taxi e aproveitar para encher a cara, fique atenta aos vexames. Homem que começa a dançar balançando demais os braços ou que começa a cantar a música em voz alta, não tem estrutura psicológica confiável. Se ele for de taxi e não beber muito, pode ser que ele tenha uma chance, portanto passe ao quesito vestimentas e bebidas que ele toma. Se ele for no carro dele, não beber muito e te oferecer carona, sem levar outras pessoas também, garota, é a sorte grande! Mas também exige a avaliação de outros quesitos: o quanto ele é cheiroso, onde ele trabalha, como ele se relaciona com a família, quando foi a última namorada e por que terminou, se ele é bonito o bastante.
 
Acredite, outros inúmeros casos poderiam ser enumerados quando se trata do processo de escolha de uma mulher solteira nesse mercado onde sobram poucas opções. Falta homem, fato. Mas o pior é falta homem bom, fato ainda mais assustador. Eles acabam, na maioria das vezes, se encaixando num esterótipo doloroso: ou são galinhas, ou são feios demais, ou são preguiçosos, ou são gays enrustidos, ou gays assumidos. Atenção, eu disse “na maioria das vezes”. Não sei onde você encontrou o seu, mas acho mesmo que a busca na pós graduação não é tão absurda assim. Aguardem cenas dos próximos capítulos.
 

2 comentários:

  1. A idéia não é má e nem absurda a meu ver. É um lugar ótimo para achar "alguém interessante" e além de tudo ainda tem o tempo necessário para conhecer melhor a pessoa antes de dar um passo a mais.

    MAS, que monte de critério e viajação é essa de livro de "Como deixar de ser solteira em 21 passos"???

    Depois não entendem porque alguns solteiros(as) que procuram, não acham alguém e porque tem tanta gente interessante perdendo tempo com quem não vale a pena!

    Menos livro de "auto-ajuda" e mais realidade por gentileza!

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