29/11/2009

Mistérios em Galápagos

Acordei pensando no meu velho sonho de ser oceanógrafa. A vida me levou a rumos diferentes, mas qualquer mínima oportunidade de viver este velho sonho sempre é muito bem aproveitada. Hoje liguei a TV e pela segunda vez na mesma semana me deparei com Galápagos, um dos meus sonhos como “bióloga frustrada”. Contando ainda com uma ponta de arqueóloga, astrônoma e fotógrafa, claro.

Amo flores amarelas: ipês e girassóis, principalmente. Em Galápagos, a única espécie de abelha que habita as ilhas busca somente flores amarelas, ou seja, qualquer outra flor que não seja amarela já está oficialmente prejudicada na onda da evolução e da permanência das espécies, dependendo de outros animais que façam a “caridade” de espalhar seu pólen. Misteriosamente as abelhas selecionam as flores amarelas, assim como eu faço.

Em Galápagos, uma espécie de pássaros predomina: os tentilhões. Porém, são 3 tipos diferenciados pelos bicos, ajustados às suas funções numa cadeia alimentar perfeita. Cada bico, um alimento. Cada ilha, uma adaptação exclusiva. Fragatas mostram seu papo vermelho nos rituais de acasalamento e curiosamente o macho têm um enorme cuidado com sua fêmea por causa da concorrência. Obs: Ah, se os homens fossem assim!

Galápagos surgiu de grandes erupções vulcânicas e nas fendas criadas em suas rochas, os petréis fazem seus ninhos, mesmo que ainda assim as corujas encontrem e devorem seus ovos. Outros pássaros fazem seus ninhos em cactos, protegendo-se com ajuda dos espinhos. Foi assim que Darwin chegou à conclusão de que aquele território inóspito era na verdade o Jardim do Éden, um paraíso transformando vidas.

Os cachalotes, chamados de “leviatãs dos mares” durante as grandes navegações, hoje estão protegidos e mergulham a cerca de 900 metros em busca de alimento: lulas. De grandes monstros a grandes preciosidades, hoje protegidas e que me deixam particularmente encantada... Ainda bem que o mar é bem grande! Se uma jubarte é quase 2/3 de um avião, imaginem só um cachalote como Mobby Dick?

O navio de Darwin partiu em 20/10/1835, mas ele nunca mais retornou ao lugar que inspirou “A Origem das Espécies”. Você conhece a origem do nome “Galápagos”? Algumas tartarugas gigantes, também adaptadas a cada ilha deste arquipélago, apresentavam uma curvatura em seus cascos que permitia o alongamento do pescoço até os alimentos mais altos, no formato de uma cela. “Galápago” é “cela espanhola”. Essas grandes tartarugas dominavam as ilhas na época de sua exploração e por este motivo o arquipélago ganhou o nome do “animal nativo” que alimentou as tripulações durantes anos e anos de viagens e aventuras. Hoje as tartarugas gigantes estão protegidas e perpetuam as teorias de Darwin.

E o que isso tem a ver comigo? Tudo. Os meus sonhos mais remotos habitam lugares como Galápagos. Outros dois lugares almejados durante toda a minha infância eu já alcancei: Fernando de Noronha e Abrolhos. Não é que eu tenha menos a falar sobre eles, pelo contrário. Mas é que hoje senti saudade do meu futuro, e não do meu passado. E tenho certeza de que em algum momento do meu futuro estarão as ilhas de Galápagos, mesmo que isso ainda leve alguns anos. Estarei lá.

Fernando de Noronha - 2005

Fernando de Noronha - 2005

Abrolhos - 2009
Abrolhos - 2009

Esses olhos amarelos e vibrantes alcançam nossos pensamentos mais secretos...

Um comentário:

  1. Querida Carol do passado. Aqui estou eu, a Carol do futuro, pra te dizer que chegou a hora. Assim como em Noronha e Abrolhos, você esteve nestes lugares buscando um conforto pra alma e também o reencontro com seus sonhos. É chegada a hora. O passo está dado. E não se esqueça: a vida é sua.

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