25/11/2009

Por onde andas, Carolina?

Trombei hoje com a Carolina de Casimiro de Abreu. Uma Carolina que hoje não sou, mas que eu talvez já tenha sido um dia. Tudo que vem me mudando, ou que ainda me modificará, me afasta daquela Carolina de Casimiro. Uma Carolina que fui aos 17 anos, apaixonada por ipês amarelos, lutando contra o lobo da estepe que insistia em me desesperançar e acreditando em mares azuis de Jacques Cousteau. Hermann Hesse saberia bem do que estou falando...

De Aldous Huxley a Richard Bach, não sou parâmetro no quesito leitura. Huxley só me deixou com mais dúvidas sobre aquele destino pré-determinado que me incomoda... Bach me reporta ao Fernão Capelo Gaivota que sempre vai morar em mim. Carl Sagan soube me dizer o que eu pensava sobre fé sem me conhecer e sem prever as estrelas que eu teria no pulso. Até mesmo me enxergar por um fio nas palavras de Dráuzio Varella. Cada momento, uma leitura. Desde os livros no topo da lista aos livros desconhecidos, a questão era como chegavam a mim...

Assim como a Carolina de Casimiro, tomei o ônibus rumo a uma grande mudança. A outra Carolina estava lá graças ao projeto “A Tela e o Texto” dos alunos da UFMG. Encontros como aqueles ocasionados por tantas vezes que escrevi para a Editora da Tribo, jeito pelo qual conheci pessoas que me liam, ocasionalmente ou sem querer. Ou quando conheci o grande amigo, Nilson, quando meu texto se espalhou num e-mail falando sobre Tiradentes. A verdade é que meu restrito público sempre foi composto por meus amigos, aos quais eu insistia em encaminhar meus textos e que hoje são os eleitos para receber as postagens automáticas desde jovem blog.

Como esses escritores que mudaram gerações me enxergariam hoje? Casimiro diria que sou uma impura, perdida, sem virtudes? Hermann diria que sou apenas o lobo se manifestando, ainda me sentindo só na multidão e perdida num tempo de loucos? Richard diria que estou apenas descobrindo minhas asas, desfiladeiros e raios de sol. Huxley certamente me tacharia como produto de uma sociedade com padrões formatados, convenções capitalistas, auto-imagens desvalorizadas e aparências mistificadas: uma boneca de luxo? Dráuzio diria: “Sua vida está por um fio todo dia, minha cara”. E agora? Resta-me a Carolina, de Chico Buarque: “Nos teus olhos fundos, guarda tanta dor, a dor de todo esse mundo”. Ou a versão do Seu Jorge: “Carolina é uma menina bem difícil de esquecer”.

Modéstia à parte, não sou mesmo uma pessoa comum. Quero mesmo testar se tudo que fiz e fui pode ser esquecido assim, frivolamente... Não falo de grandes feitos, nem de revoluções. Falo de momentos simples, porém únicos e irrecuperáveis. Sei que mudei as pessoas com quem convivi, sei que mudo quem eu amo, sem sequer notar isso. Não faço por mal, faço por vontade de levar estas pessoas ao mundo que eu acredito... É por este motivo que acho que permaneço, mesmo quando parto. Sinto muito se a saudade um dia se confundirá com arrependimento para alguns.

Carol Capelo Gaivota - México - 2008

5 comentários:

  1. Logo após acabar de ler o post fiquei com a sensação de "preciso" ler Fernão Capelo Gaivota!rs A maneira como escreveu foi muito singela, delicada..Por isso é sempre tão agradável passar por aqui! :)

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  2. Gostei tanto que até criei um pra mim... hauhauahauahaua

    Vc me atrapalha demaaaisss!!!!

    http://bomseriaplantarcebola.blogspot.com/

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