14/02/2010

Minha Corrente

Talvez eu seja de fato uma pessoa de opiniões e reações um tanto quanto radicais. Na contramão de tudo, este feriado mais parece uma seqüência de dias zumbis no Egito do que dias de Carnaval no Brasil. Por questões financeiras e pessoais, escolhi me recolher no meu canto, nem mesmo procurei um aconchego familiar. Aliás, de fato tenho sido a filha, sobrinha e neta mais ausente do mundo nestes últimos meses. Talvez seja um reflexo de tantas mudanças engrenadas, um choque pra me acordar e começar tudo do zero. Uma revisão profunda de quem sou, do que esperam de mim e do que ainda entendo como felicidade.

Na sessão tortura do feriado, adicionei um ponto fraco crucial: assistir “A Corrente do Bem”de novo. Filme este que, claramente, sempre mexeu com minhas idéias. Tanto que é este o nome do movimento que meus amigos realizam ao meu lado. Posso ver este filme aos 18, aos 27, aos 50 anos. O efeito será sempre bombástico. Assim como tenho a mesma fé na bondade humana do pequeno Trevor, sou falha como Arlene e medrosa como o professor Eugene Simonet. Mas sempre que assisto ao filme, encontro mais um pedaço de mim. E isso me assusta muito.

Semelhanças. Nas mágoas com meu passado, nos erros e percalços familiares, na decepção quanto às pessoas em quem acreditei. Ao mesmo tempo na vontade de querer mudar o mundo, de entender e proteger as pessoas que amo, de consertar tudo. Este é o discurso do pequeno Trevor, seja real ou não. Quando Arlene perdoa sua mãe, me deparo com um e-mail que recebi recentemente. Quando o pai volta achando que pode apagar tudo como se fosse um santo, entendo claramente que não adianta querer mudar o passado e que as pessoas não são tão perfeitas ao ponto de sempre conseguirem “mudar” de fato. Afinal, será que a essência se desfaz por simples querer?

Eu sei que falho em muitos momentos, sei que sou dura em muitos outros. Sei que não sou um exemplo de compaixão, muito menos de caridade. Ninguém precisa me dizer isso, pois ninguém mais do que meu próprio espelho sabe de tudo isso. Mas acredite, eu me esforço. Muitas vezes não consigo controlar essa “essenciazinha” que dita meus passos, mas também não posso sair atropelando o que eu sou. Afinal, de nada adiantam pedaços soltos sem propósito. De nada adianta eu ser esfaqueada no pátio da escola como o pequeno Trevor, pois ainda quero continuar aqui. Nesse mar de contradições, só quero que me permitam ser quem sou, lutando contra meus próprios defeitos e não tolerando alguns erros alheios. Não sou de ferro.

Título Original: Pay It Forward
Sinopse: A Corrente do Bem conta a história de um garoto que crê
ser possível mudar o mundo a partir da ação voluntária de cada um.

3 comentários:

  1. Na minha "sessão tortura" do feriado de hoje está Amélie..Mesmo tendo assistido milhões de vezes, sempre fico encantada, encontrando aqui e ali mais um pouquinho de doçura, que torna o dia da gente um pouco mais leve.Acredita que não assisti Corrente do bem ainda? mas será um dos próximos.
    Ah! lí Fernão Capelo Gaivota, que vc citou em um dos seus posts e, simplesmente amei! Já se tornou um dos meus livros favoritos, agora quero ver o filme também! :)

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  2. Teca, fico feliz quando vejo um recado seu! Significa que ainda tem gente lendo meus devaneios kkkk... Quanto à Amelie, sem comentários, amo. Fernão, outra boa lembrança do meu passado. Minhas indicações: Ilusões, tb de Khalil Gibran, Contato, de Carl Sagan (o filme é mais visual, vale a pena), Lobo da Estepe, de Hermann Hesse (rebelde pacas). bjuuuus

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  3. Não me lembro de ter visto esse filme.
    Vou pegar agora!

    Abração!

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