16/02/2010

Viajando no meu Sofá

Sobrevivi. Enquanto as pessoas estão nas estradas voltando de suas viagens, eu estou aqui com saudades das minhas. Se me sobrasse dinheiro e tempo, eu estaria longe. Provavelmente até viajaria sozinha, por mais que essa não fosse a melhor companhia. Apesar da saudade de onde já estive, das pessoas que conheci em cada canto, a melhor idéia seria correr os outros lugares que sempre rondam meus sonhos.

De Machu Picchu à Ilha de Páscoa, muita história pra ver com meus próprios olhos. Ruínas incas e totens misteriosos, antes imponentes e hoje impotentes. As chuvas assustaram os peruanos, não sei se os tsunamis ameaçam de alguma forma a ilha perdida do Chile. Dois povos diferentes, mas com uma conexão suspeita, quem sabe? Quem é que disse que nós, sul-americanos, não podemos ser todos um pouco polinésios? Queria ver toda essa história de perto, vivendo estes impérios perdidos que sempre me instigaram.

Aliás, o azul da Polinésia Francesa sempre me frustra. Oh lugar longe! A família Schurmann esteve lá e eu estive junto através das fotos e textos escritos pela professora, mãe e integrante do grupo de aventureiros. Afinal, o que ela fez é provavelmente o que eu faria, se tivesse escolha e coragem - talvez: sair pelo mar, pelo mundo, num pedaço de “casa” móvel, com minha família, escrevendo sobre o que via, quem eu conhecia, sobre cada gente, cada pedaço de chão do mundo. Bangalôs, águas transparentes, os azuis do mar e do céu em mistura tênue. A natureza abençoada e disponível pra pintar na memória.

Quantos lugares da América do Sul eu nem sequer imagino? Da Patagônia ao Chile, praias do Pacífico, Cartagena de Las Índias, subindo... Guianas, aproximando-se do belo Caribe, cheio de triângulos, bermudas, piratas e lendas dos períodos da colonização. Um mundo de histórias que não basta ler, mas vale a pena conferir. O azul do Caribe é mesmo assustador, vi de perto, mas além da saudade, bate a vontade de conhecer todos os outros azuis, verdes e lilases que sei que ainda não vi e me esperam por lá. México, República Dominicana, até mesmo o sacrificado Haiti. Quem me dera o tele transporte já fosse tecnologia registrada e pudesse comprar uns créditos pra dar um pulo ali, do outro lado do continente... Valia até um avatar, desde que minha consciência pudesse ali estar...

Lugares feitos pelas mãos dos homens “modernos”: castelos na Europa, grandes obras espalhadas no velho continente, cidades cheias de histórias em suas esquinas, ruas que presenciaram guerras e vitórias. Paris, Viena, Berlim, Barcelona, Madrid, Roma, Londres, quantos outros lugares menores e que eu nem sei o nome... Cidadezinhas perdidas no tempo, mas que esperam por nossos destinos. “O que é seu, às suas mãos virá”. Num pulo, de um país a outro, como num velho tabuleiro de “War”, conquistando os continentes, dobrando os exércitos inimigos, marcando territórios só meus.

Tudo parece longe, eu sei. Mas não vou desistir. Hoje quero o que está distante, pois resolverei o que está perto de mim assim que puder. O que está longe me cobra mais esforço, me ensina a lutar, induz minha vontade. Quero Pequim, as Grandes Muralhas que algum ET viu da Lua, os templos budistas e hindus, a Índia, um mundo completamente diferente do meu. A diversidade humana, representada em suas divindades, arquiteturas, culturas, pinturas e línguas. Se o Himalaia não fosse tão difícil, quem sabe? Valeria ainda assim uma foto com ele ao fundo... E de lá, um vôo rumo ao Japão, talvez pra ver Hiroshima e Nagasaki, entender de perto aquilo que anos atrás tanto mexeu com minha imaginação. Uma ânsia de ter certeza que o ser humano consegue se recuperar de (quase) tudo. Fissão e fusão nuclear transformados em um novo futuro.

Quantas pernas, quantos anos de vida, quanto dinheiro, quanta saúde vou precisar pra ir a cada lugar que desejo? Não sei nem se de fato terei tempo suficiente para cumprir tantas metas, especialmente aquelas que ainda nem conheço! África, quanta história e quanta lição de vida, pra voltar mais humilde, pra voltar de coração aberto, pra criar vergonha e mudar o mundo. Saber se as minas do Rei Salomão realmente estão lá, guardando tesouros e monstros, ou apenas os medos que carregamos diariamente. Subindo... O Egito de Quéops, Quéfrem e Miquerinos, se é que ainda sei escrever estes nomes (não vou espiar no Google). A vida de Indiana Jones, sei os traficantes de tesouros, nazistas malucos e recentemente os extraterrestres com caveiras do conhecimento. Mas ainda assim: o Santo Graal, a arca perdida, múmias, tumbas, história pura e real, sem o lado erudito que nos cansava na escola. Rodar o Mediterrâneo, ver a Grécia que um dia dominou nossos pensamentos. Etc!!!

Acho que posso ficar aqui “infinito” falando sobre onde quero estar. Nem mencionei outros tantos lugares do mundo, nem mesmo aqueles que estão aqui perto de mim e não conheço. Mas planos e sonhos são feitos de uma unidade básica: querer. Alguns se planejam rigorosamente durante a vida para alcançar suas metas, por mais ambiciosas e absurdas que sejam. Outros, como eu, sonham, e assim que podem, fazem a coisa acontecer. Uma margem considerável destinada ao improviso, mas sem deixar de lado as vontades fundamentais. Quero rodar o mundo, não sei como isso vai acontecer, nem quando, nem com quem, nem onde estarei primeiro. Farei o que for possível. Se não der tempo nessa vida, vou dar um jeito. Estou aberta a negociações.

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